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Controlador de vôo é detido por reclamar do trabalho
De acordo com colegas, sargento foi punido em Salvador por insubordinação
Prisão ocorreu um dia antes da nova seqüência de atrasos nos aeroportos e contribuiu para agravar a insatisfação no setor
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um controlador de vôo de
Salvador foi preso no sábado
passado pela FAB (Força Aérea
Brasileira), e continuava detido
até ontem à noite, sob acusação
de insubordinação.
Sargento do tráfego aéreo
com mais de dez anos de experiência, ele foi punido pelo regulamento militar por ter, conforme a versão de seus colegas
de trabalho, registrado no livro
de ocorrências problemas no
serviço -incluindo a instabilidade pela falta de gente qualificada no controle das aeronaves.
De acordo com a punição inicial aplicada pela chefia, ele deveria ficar detido na base aérea
da Aeronáutica em Salvador até
hoje -mas ontem, diante do
vazamento da informação da
detenção, era avaliada a ampliação da prisão por oito dias.
A Aeronáutica confirma a detenção do controlador, mas não
revela oficialmente os motivos
que causaram a punição.
A prisão em Salvador ocorreu
um dia antes da nova seqüência
de atrasos nos aeroportos do
país e, aliada a outras punições
aplicadas a controladores de
vôo nas últimas semanas, contribuiu para agravar a insatisfação dos profissionais com o comando da Aeronáutica.
Controladores de Brasília e
das capitais paulista e baiana
ouvidos pela Folha negam que
a insatisfação já tivesse provocado qualquer mobilização nos
últimos três dias para aumentar os atrasos nos pousos e decolagens nos aeroportos brasileiros a partir de domingo.
Ameaça velada
Dizem que, "por enquanto"
-e ressaltam essa expressão,
em tom de ameaça-, não houve nova interferência da categoria como forma de protesto,
mas que a insatisfação com a
disciplina militar e a indefinição com os rumos da profissão
estão "a ponto de explodir".
Ou seja, haveria risco de mais
problemas nos aeroportos do
país por causa dessa insatisfação da categoria.
A detenção do sargento em
Salvador ocorreu dias depois
do afastamento das funções de
outros dois profissionais antigos do tráfego aéreo, em São
Paulo e na capital baiana.
As punições são citadas como
um dos motivos que agravaram
a tensão da categoria e motivaram novas ameaças de interferência no controle dos vôos.
Elas são vistas como um tipo
de retaliação da FAB à mobilização dos controladores nos últimos meses -que incluíram
operações padrões e as reivindicações pela desmilitarização
da profissão.
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