São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Governo do Rio agora admite haver epidemia de dengue

Secretário reconheceu gravidade da doença, que já matou 48 pessoas no Estado neste ano

Justiça condenou os governos municipal e estadual a indenizar a família de uma menina vítima da doença em 2002

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, admitiu ontem, pela primeira vez, que há, sim, uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro. Mais cinco casos de morte decorrentes de dengue foram confirmados ontem, o que eleva o número no Estado para 48 casos -30 (62,5%) deles na capital, de acordo com a secretaria.
"Temos um número excessivo de pessoas com dengue, estamos com um quadro de epidemia", reconheceu Côrtes, que pediu desculpas à população pela demora no atendimento nas emergências de hospitais estaduais. "Ainda teremos problemas sérios, muitas filas. Peço desculpas pela demora, mas as pessoas devem aguardar para serem atendidas."
Apesar de a Secretaria Municipal de Saúde do Rio negar epidemia de dengue na cidade, a coordenadora de epidemiologia do município, Meri Baran, admitiu o problema em algumas regiões. "Temos áreas que são epidêmicas. Jacarepaguá [zona oeste] e toda a região da Leopoldina, grande Méier e Irajá estão comprometidos."
A Folha procurou o secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, mas sua assessoria de imprensa informou que não obteve resposta das solicitações por telefone e e-mail até a conclusão desta edição.
O número de mortes em decorrência da doença no Estado já é quase a metade do registrado em 2002, quando o Rio enfrentou uma das maiores epidemias de dengue dos últimos anos. Na época, foram 91 mortes, sendo 64 na capital.
A Federação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro informa que a doença aumentou em cerca de 50% o movimento de hospitais particulares, segundo pesquisa feita com unidades de saúde conveniadas.
O Tribunal de Justiça do Rio concedeu a primeira indenização a famílias de pessoas mortas vítimas de dengue. Um acórdão da 17ª Câmara Cível do Rio condenou os governos municipal e estadual a pagar, no total, R$ 30 mil por danos morais ao estofador Ozinaldo Felix de Araújo, 44, cuja filha, Daiane Alvez Felix, 13, morreu de dengue hemorrágica em surto da doença em 2002.
O advogado de Araújo, José Frazão Filho, que havia pedido R$ 500 mil de indenização e pensão vitalícia de três salários mínimos, disse que considera a quantia "irrisória" e vai recorrer da decisão.
No processo, o desembargador Raul Celso Lins e Silva afirma que o Estado e a Prefeitura do Rio são responsáveis pela morte "de forma solidária, porque faltaram com o serviço preventivo ou repressivo no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, durante a epidemia da doença em 2002".
A prefeitura alegou que fez programa de combate à dengue na época. Já o Estado informou que só sua procuradoria poderia falar sobre o caso, mas ninguém do órgão estava trabalhando ontem.


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