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Governo do Rio agora admite haver epidemia de dengue
Secretário reconheceu gravidade da doença, que já matou 48 pessoas no Estado neste ano
Justiça condenou os governos municipal e estadual a indenizar a família de uma menina vítima da doença em 2002
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, admitiu ontem, pela primeira vez, que há,
sim, uma epidemia de dengue
no Rio de Janeiro. Mais cinco
casos de morte decorrentes de
dengue foram confirmados ontem, o que eleva o número no
Estado para 48 casos -30
(62,5%) deles na capital, de
acordo com a secretaria.
"Temos um número excessivo de pessoas com dengue, estamos com um quadro de epidemia", reconheceu Côrtes,
que pediu desculpas à população pela demora no atendimento nas emergências de hospitais
estaduais. "Ainda teremos problemas sérios, muitas filas. Peço desculpas pela demora, mas
as pessoas devem aguardar para serem atendidas."
Apesar de a Secretaria Municipal de Saúde do Rio negar epidemia de dengue na cidade, a
coordenadora de epidemiologia do município, Meri Baran,
admitiu o problema em algumas regiões. "Temos áreas que
são epidêmicas. Jacarepaguá
[zona oeste] e toda a região da
Leopoldina, grande Méier e
Irajá estão comprometidos."
A Folha procurou o secretário municipal de Saúde, Jacob
Kligerman, mas sua assessoria
de imprensa informou que não
obteve resposta das solicitações por telefone e e-mail até a
conclusão desta edição.
O número de mortes em decorrência da doença no Estado
já é quase a metade do registrado em 2002, quando o Rio enfrentou uma das maiores epidemias de dengue dos últimos
anos. Na época, foram 91 mortes, sendo 64 na capital.
A Federação dos Hospitais
do Estado do Rio de Janeiro informa que a doença aumentou
em cerca de 50% o movimento
de hospitais particulares, segundo pesquisa feita com unidades de saúde conveniadas.
O Tribunal de Justiça do Rio
concedeu a primeira indenização a famílias de pessoas mortas vítimas de dengue. Um
acórdão da 17ª Câmara Cível do
Rio condenou os governos municipal e estadual a pagar, no
total, R$ 30 mil por danos morais ao estofador Ozinaldo Felix de Araújo, 44, cuja filha,
Daiane Alvez Felix, 13, morreu
de dengue hemorrágica em
surto da doença em 2002.
O advogado de Araújo, José
Frazão Filho, que havia pedido
R$ 500 mil de indenização e
pensão vitalícia de três salários
mínimos, disse que considera a
quantia "irrisória" e vai recorrer da decisão.
No processo, o desembargador Raul Celso Lins e Silva afirma que o Estado e a Prefeitura
do Rio são responsáveis pela
morte "de forma solidária, porque faltaram com o serviço
preventivo ou repressivo no
combate aos focos do mosquito
Aedes aegypti, durante a epidemia da doença em 2002".
A prefeitura alegou que fez
programa de combate à dengue
na época. Já o Estado informou
que só sua procuradoria poderia falar sobre o caso, mas ninguém do órgão estava trabalhando ontem.
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