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BASTIDORES
CPI e investigação ajudam personagens de pouca expressão pública a ganhar projeção
Escândalo ameaça malufismo e alimenta sonhos eleitorais
KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel
O escândalo da máfia da propina
ameaça pôr fim ao malufismo, corrente política que domina a Prefeitura de São Paulo desde 1992, e
abre a chance de uma aventura na
eleição de 2000 para personagens
que até pouco tempo atrás tinham
pouca expressão pública.
Paulo Maluf assiste o desmoronamento de seu feudo. O prefeito
Celso Pitta teme um impeachment. O PT vê a chance de voltar ao
Palácio das Indústrias. Vereadores
buscam fama na CPI investigando
colegas. Delegados e promotores
brigam por holofotes, na esperança de concorrer a vereador ou até a
prefeito.
Derrotado na última eleição para
o governo do Estado com a contribuição do desempenho administrativo ruim de Pitta, o chefão do
PPB paulista viu uma debandada
de cinco vereadores e de um deputado estadual. Dois federais também podem sair da sigla.
Maluf, rompido nos bastidores
com Pitta, busca um acordo com a
cúpula nacional do PFL para tentar
sobreviver politicamente.
Preço: jogar pelo impeachment
de Pitta, obra sua. Um setor do PFL
tenta trazer o vice-prefeito, Régis
de Oliveira, de volta ao partido.
Maluf analisa romper publicamente com Pitta. O discurso de
Maluf seria o de que, em 93, loteou
as regionais entre os vereadores só
para garantir maioria na Câmara.
Mas Pitta, que engoliu a reedição
do acordo em 97, traiu sua confiança e não teria evitado corrupção. O difícil da manobra é conseguir que o eleitor acredite nela.
Pesquisas do PPB mostram que a
população faz uma ligação direta
entre Maluf e Pitta -exatamente
como a propaganda malufista
martelou em 96. A desgraça de um
atinge imediatamente o outro.
No PT, Marta Suplicy joga para
faturar com o ocaso do malufismo.
O vereador José Eduardo Martins
Cardozo, presidente da CPI municipal que investiga a máfia da propina, é visto como o vice ideal. Mas
há quem ache que, dependendo do
nível de exposição na mídia, poderia ser o candidato a prefeito.
O delegado Romeu Tuma Jr.,
barrado nas urnas em outubro ao
tentar se eleger deputado estadual,
aposta na marca de xerife para
concorrer a vereador ou prefeito.
Seu pai, o senador pefelista Romeu
Tuma, sonha com a sucessão de
Pitta, mas teve recentemente um
grave problema de saúde .
Na Secretaria da Segurança Pública, o tucano Marco Vinicio Petreluzzi, não facilita a vida dos delegados Tuma Jr. e Naief Saad Neto, este também provável candidato a vereador. Os delegados têm
brigado para aumentar o número
de policiais na equipe que, com os
promotores, investiga o escândalo.
O PSDB de Covas prefere reforçar o cacife do Ministério Público,
chefiado pelo tucano de alma Luiz
Antônio Marrey.
Estrela do lado mau do espetáculo, Tânia de Paula, namorada e assessora do vereador foragido Vicente Viscome, negociou uma redução de sua pena em troca de informações sobre o esquemão.
Tânia dá sinais de que foi mordida pela mosca azul da política. Posa de vítima e expia a culpa: "A minha vida ficou aberta. Não tenho
mais nada a perder. Agora tenho
que ganhar a minha dignidade".
A ex-prefeita Luíza Erundina
(PSB), hoje deputada federal, articula aliança com o PMDB, que lhe
apoiaria em 2000 para receber a
contrapartida na eleição ao Palácio
dos Bandeirantes, em 2002.
Francisco Rossi, que perdeu as
eleições ao governo paulista em 94
e 98, está sem partido e interrompeu a aproximação com Maluf. Pode ir para o PFL, que tem ainda o
deputado federal Luiz Antônio de
Medeiros e o ex-secretário Afif Domingos querendo suceder Pitta.
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