São Paulo, domingo, 21 de março de 1999

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SAÚDE
Uso de ervas medicinais requer cuidados

JAIRO BOUER
especial para a Folha

As plantas medicinais estão ganhando espaço entre os consumidores de medicamentos em todo o mundo. As ervas da moda agora são a Erva de São João, a Kava-Kava e o Ginkgo Biloba.
Centenas de artigos foram publicados sobre essas plantas nas principais revistas e jornais nos últimos meses apontando a nova tendência e questionando a eficácia desses produtos.
A Erva de São João combateria os sintomas da depressão, a Kava-Kava teria ação sobre a ansiedade e o Ginkgo melhoraria a circulação de sangue no corpo (veja quadro).
Um erro comum entre quem usa esse tipo de recurso é esquecer que, como qualquer medicação, as plantas medicinais, mesmo sendo substâncias naturais, exigem uma dose de cautela.
"Muitas pessoas estão tomando essas medicações por conta própria, sem as precauções e cuidados necessários", alerta Lúcio Mário Nicolese, da farmácia Philippe de Lyon, tradicional ponto de venda de homeopatia, medicações antroposóficas e fitoterápicos (plantas medicinais) em São Paulo.
A maior parte das plantas naturais é composta por substâncias complexas, que muitas vezes nem foram isoladas.
A psiquiatra Denise Gama de Souza não recomenda para seus pacientes produtos como a Erva de São João nem a Kava-Kava, que reduziria a ansiedade. Para a médica, muitos dos supostos efeitos atribuídos a essas substâncias naturais não têm comprovação científica. "Prefiro prescrever remédios que foram bem pesquisados".
Nicolese diz que a pesquisa para testar o efeito das plantas e para chegar a uma padronização de dose ainda é incipiente. A maioria das indicações são baseadas na tradição popular e na observação de supostos efeitos.
Um cuidado importante é que a planta medicinal seja prescrita por um especialista e que a dose seja ajustada para cada paciente. Existem, muitas vezes, variações dentro de uma mesma espécie, que não produzem os efeitos esperados. As concentrações dos princípios ativos em cada planta também podem variar bastante.
Há também efeitos colaterais e interações com outros remédios, que precisam ser levadas em conta no momento da prescrição.
A procedência dessas ervas pode ser um problema. O consumidor deve escolher uma farmácia que trabalhe com produtos de fornecedores confiáveis.
Outras plantas muito procuradas no Brasil são carqueja (para problemas hepáticos), guaraná (estimulante), catuaba (estimulante), Ipê roxo (para processos inflamatórios) e Passiflora (calmante).



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