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SAÚDE
Uso de ervas medicinais requer cuidados
JAIRO BOUER
especial para a Folha
As plantas medicinais estão ganhando espaço entre os consumidores de medicamentos em todo o
mundo. As ervas da moda agora
são a Erva de São João, a Kava-Kava e o Ginkgo Biloba.
Centenas de artigos foram publicados sobre essas plantas nas principais revistas e jornais nos últimos meses apontando a nova tendência e questionando a eficácia
desses produtos.
A Erva de São João combateria os
sintomas da depressão, a Kava-Kava teria ação sobre a ansiedade e o
Ginkgo melhoraria a circulação de
sangue no corpo (veja quadro).
Um erro comum entre quem usa
esse tipo de recurso é esquecer que,
como qualquer medicação, as
plantas medicinais, mesmo sendo
substâncias naturais, exigem uma
dose de cautela.
"Muitas pessoas estão tomando
essas medicações por conta própria, sem as precauções e cuidados
necessários", alerta Lúcio Mário
Nicolese, da farmácia Philippe de
Lyon, tradicional ponto de venda
de homeopatia, medicações antroposóficas e fitoterápicos (plantas
medicinais) em São Paulo.
A maior parte das plantas naturais é composta por substâncias
complexas, que muitas vezes nem
foram isoladas.
A psiquiatra Denise Gama de
Souza não recomenda para seus
pacientes produtos como a Erva de
São João nem a Kava-Kava, que reduziria a ansiedade. Para a médica,
muitos dos supostos efeitos atribuídos a essas substâncias naturais
não têm comprovação científica.
"Prefiro prescrever remédios que
foram bem pesquisados".
Nicolese diz que a pesquisa para
testar o efeito das plantas e para
chegar a uma padronização de dose ainda é incipiente. A maioria das
indicações são baseadas na tradição popular e na observação de supostos efeitos.
Um cuidado importante é que a
planta medicinal seja prescrita por
um especialista e que a dose seja
ajustada para cada paciente. Existem, muitas vezes, variações dentro de uma mesma espécie, que
não produzem os efeitos esperados. As concentrações dos princípios ativos em cada planta também
podem variar bastante.
Há também efeitos colaterais e
interações com outros remédios,
que precisam ser levadas em conta
no momento da prescrição.
A procedência dessas ervas pode
ser um problema. O consumidor
deve escolher uma farmácia que
trabalhe com produtos de fornecedores confiáveis.
Outras plantas muito procuradas
no Brasil são carqueja (para problemas hepáticos), guaraná (estimulante), catuaba (estimulante),
Ipê roxo (para processos inflamatórios) e Passiflora (calmante).
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