São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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Depoente liga traficante a empresários

do enviado especial a Vitória

Testemunha mascarada ouvida ontem, em sessão reservada, pela CPI do Narcotráfico acusou o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de ser parceiro de empresários no Espírito Santo em um esquema de venda de cocaína para o exterior.
Apelidado de "senhor Y" na CPI, o depoente é um traficante que se diz arrependido de participar da venda de cocaína e maconha nos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Pará.
Beira-Mar, cujo reduto é a favela Beira-Mar, em Duque de Caxias (cidade na região metropolitana do Rio), é considerado pela CPI o principal traficante do país.
De acordo com o relato do "senhor Y", Beira-Mar teria se associado a empresários capixabas para formar uma quadrilha especializada em remeter cocaína para a Europa, os EUA e o Japão.
No depoimento, a testemunha disse que aviões de pequeno porte dão vôos rasantes sobre o mar a cerca de 30 minutos do litoral do Espírito Santo.
Dos aviões, seriam despejados tonéis de borracha recheados com cocaína pura. Barcos de alta velocidade recolheriam os tonéis, levando-os até navios ancorados ao largo de Vitória.
Os barcos e aviões seriam equipados com aparelhos eletrônicos de localização, o que impediria a perda da carga.
O relator da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), disse que não considerou fantasiosa a versão da testemunha.
"Achei (o depoimento) de uma credibilidade ótima. Ele conta os detalhes do tráfico interno no Espírito Santo e também do tráfico internacional. Estamos muito atrás dos traficantes. A Polícia Federal daqui não tem nem lancha."
"Senhor Y" apresentou aos deputados valores dos negócios com cocaína. Segundo ele, o quilo da droga nos EUA vale U$ 30 mil. Na Europa, a cocaína seria mais cara: U$ 50 mil o quilo. No Japão, mais cara ainda: U$ 100 mil.
O depoente afirmou que os navios costumam levar para o exterior de 350 kg a 400 kg de cocaína por viagem. Para a venda no Espírito Santo, seriam destinados mensalmente de 800 kg a 1.000 kg da droga, sendo que 70% para consumo na região metropolitana de Vitória. (ST)


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