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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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ACIDENTE

Delegado irá investigar se houve imperícia e negligência; 12 pessoas morreram e três continuam desaparecidas

Polícia procura comandante de barco

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Equipe procura três homens desaparecidos no local onde a embarcação adernou anteontem


TALITA FIGUEIREDO
ENVIADA ESPECIAL A CABO FRIO (RJ)
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Principal suspeito de ser o responsável pelo acidente com o barco de passeio Tona Galea, anteontem em Cabo Frio (a 154 km do Rio), o comandante da embarcação, Norberto Guimarães da Silveira, desapareceu da cidade. O naufrágio resultou na morte de 12 turistas, 11 mulheres e uma menina de 5 anos. Outros três ainda estão desaparecidos.
Silveira, 71, é procurado pela polícia desde a tarde de anteontem. Mesmo intimado pelo delegado José Omena, ele não esteve ontem na 126ª DP, onde deveria depor sobre o caso. Anteontem, parentes do comandante disseram que ele estava hospitalizado.
Como o barco não estava superlotado e tinha os documentos e vistorias em dia, a polícia trabalha com a hipótese de ter havido imperícia e negligência por parte do comandante do barco.
O marinheiro do Tona Galea, Ângelo Márcio Pinto Tavares, também não foi encontrado pela polícia. O delegado deu prazo de até 20 dias para que os dois se apresentem. Caso contrário, disse que pedirá à Justiça a decretação da prisão temporária de ambos.
Omena afirmou ainda que vai esperar o laudo da Capitania dos Portos antes de indiciar alguém.
O sobrevivente Edilson Franjoso, que perdeu a filha no acidente, não responsabilizou o comandante. Ele disse que Silveira gritou para que as pessoas não ficassem de um lado só da embarcação.
Pelo menos 20 passageiros já foram ouvidos pela polícia. Todos, disse o delegado, disseram que o acidente ocorreu logo após o barco ter parado para um mergulho.
Os sobreviventes relataram que a embarcação, atingida por uma onda mais forte, adernou em menos de um minuto depois de ter virado para a direita. O Tona Galea virou às 12h20 na entrada do canal de Itajuru, perto da ilha do Papagaio e a 1,8 km da praia do Forte, a principal de Cabo Frio.
Com a localização ontem de seis sobreviventes em pousadas e hospitais da cidade, diminuiu para três o número de desaparecidos. Os seis disseram que foram socorridos por barcos particulares.
Segundo a Defesa Civil do Estado do Rio, continuavam desaparecidos Oswaldo Meneguetti, Édson Celestino da Silva (ambos moradores em Minas Gerais) e Alexandre Boueres, de São Paulo.
As buscas foram encerradas às 18h de ontem. O secretário da Defesa Civil, Carlos Alberto de Carvalho, disse acreditar que, devido às marés, os corpos aparecerão em Arraial do Cabo, cidade vizinha a Cabo Frio.
A operação mobiliza 32 mergulhadores. Na hora do acidente, havia 64 pessoas a bordo, incluindo a tripulação. O barco tinha capacidade para 78 passageiros.
Sobreviventes disseram que o comandante do barco só permitiu o uso de coletes salva-vidas aos que iriam mergulhar. Outros ainda afirmaram que outras embarcações passaram pelo Tona Galea, após o acidente, mas não prestaram ajuda aos passageiros.
Dois sobreviventes ainda estão hospitalizados. Sílvia Duerrato está em estado grave no hospital Miguel Couto (Gávea, zona sul do Rio). Henrique Dutra, 3, está no hospital Clippel (Cabo Frio), mas não corre risco de morte.


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