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SEGURANÇA
Arsenal, que incluía ainda munição e fuzil, é de líder da facção criminosa TCP, dizem responsáveis por investigação
Polícia apreende minas e granadas no Rio
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Pela primeira vez a polícia do
Rio encontrou minas terrestres
usadas em guerras em um arsenal
de traficantes. As minas estavam
no subsolo de uma casa na favela
da Coréia, em Senador Camará
(zona oeste do Rio).
No local havia, além de oito minas, 161 granadas, 30 mil cartuchos de oito tipos de munição, um
fuzil AR-15, dois coletes à prova
de balas e nove coletes usados pela Polícia Civil (com compartimentos para munição, radiotransmissores e armas).
Segundo a polícia, o arsenal
-avaliado em cerca de R$ 500
mil- pertence ao traficante Robson André da Silva, o Robinho
Pinga, líder da facção criminosa
TCP (Terceiro Comando Puro),
dissidência do TC (Terceiro Comando), uma das mais antigas
facções do Rio.
São proibidos a fabricação e o
uso de minas terrestres no Brasil
desde 1999, quando o país ratificou um tratado internacional assinado dois anos antes. Mas o país
pode manter, para uso militar,
parte das minas que já possuía.
As minas encontradas são belgas e do tipo antipessoal -têm
como alvo soldados, e não veículos, como tanques. O delegado titular da Drae (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos),
Carlos Alberto Oliveira, afirmou
que elas são usadas para "interromper o avanço de infantarias
durante uma guerra".
O delegado informou que não
tem registro de roubo deste tipo
de artefato de algum quartel das
Forças Armadas no Estado. Hoje,
ele enviará ofício ao Exército para
se certificar.
No paiol havia granadas M-3 e
M-20, fabricadas pela empresa
RJC, em Lorena (a 188 km de São
Paulo). "As granadas e as minas
têm a inscrição dos lotes. Vamos
encontrar os fabricantes e saber
para quem venderam essas granadas", disse Oliveira.
"É uma luta desigual. É a primeira coisa que me vem à cabeça", afirmou o chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, ao comentar a apreensão.
O titular da Polinter (Polícia Interestadual), delegado Rodolfo
Waldeck, coordenador das investigações que levaram ao arsenal,
afirmou ter ficado surpreso com a
descoberta das minas.
"Sabíamos do paiol, mas em nenhum rastreamento de ligações
ou investigação houve menção a
minas terrestres", disse.
O secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, afirmou que a polícia está
"preparada para enfrentar os traficantes na mesma proporção,
com o mesmo poder de fogo".
Mais uma vez o secretário culpou o governo federal por não
conter a entrada de armas no país
e também os usuários de drogas,
que "financiam a compra de armamentos pelos traficantes".
As armas estavam em um cômodo de cerca de 2,5 m de profundidade por cerca de 3 m de largura, construído no subsolo de
um dos quartos de uma casa na
favela. A casa -de alvenaria, com
dois quartos, sala, cozinha e banheiro- estava vazia.
O paiol era coberto por uma
tampa de ferro, que estava sob
azulejos. Os policiais precisaram
quebrar os azulejos para encontrar o buraco.
Ao voltar ao paiol para fazer a
perícia, por volta das 16h30, a polícia encontrou cinco homens
(entre eles um adolescente de 17
anos) tapando o buraco com
areia. Eles disseram a jornalistas
terem sido contratados horas antes, mas não informaram o nome
do contratante. Os cinco foram levados para a delegacia, onde prestariam depoimento.
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