|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Nem iraquianos minam seu país contra inimigos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
É guerra. E é gravíssimo. A
descoberta de minas antipessoal no Rio pela primeira vez
faz a retórica meio gasta de
"guerra urbana" poder ser agora levada a sério quando se fala
de violência na segunda maior
cidade do país. Nem os iraquianos antiamericanos estão minando a esmo seu próprio país.
Granadas e fuzis usadas tanto
por traficantes como pela polícia também já deveriam ser sinal de alerta faz tempo. Nem Al
Capone e seus gângsteres usavam armas com esse poder na
violenta Chicago dos anos 20.
Usavam submetralhadoras,
que disparam balas como as de
pistolas, bem menos perfurantes que as de fuzis. Uma bala
"perdida" de pistola tem menos chance de "achar" alguém
que uma de fuzil de longo alcance.
O uso de fuzis automáticos
FAL pela polícia explica-se pelo
fato de os traficantes usarem
armamento semelhante, como
os americanos da série AR-15/
M-16 (ainda usados pelas tropas dos EUA no Iraque, e no
Brasil pelos Fuzileiros Navais).
Mas as minas indicam que os
traficantes estão levando a sério a idéia de que dispõem de
territórios onde o poder estatal
não chega. De que podem proteger trilhas nos morros com
essa praga que aleija milhões
no Terceiro Mundo e que despertou a consciência social até
da princesa britânica Diana.
Ainda não houve uma vítima
de mina nos morros do Rio.
Mas isso parece ser apenas
uma questão de tempo.
Texto Anterior: Segurança: Polícia apreende minas e granadas no Rio Próximo Texto: Segurança: Militares desconhecem desvio de minas Índice
|