São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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ANÁLISE

Nem iraquianos minam seu país contra inimigos

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

É guerra. E é gravíssimo. A descoberta de minas antipessoal no Rio pela primeira vez faz a retórica meio gasta de "guerra urbana" poder ser agora levada a sério quando se fala de violência na segunda maior cidade do país. Nem os iraquianos antiamericanos estão minando a esmo seu próprio país.
Granadas e fuzis usadas tanto por traficantes como pela polícia também já deveriam ser sinal de alerta faz tempo. Nem Al Capone e seus gângsteres usavam armas com esse poder na violenta Chicago dos anos 20.
Usavam submetralhadoras, que disparam balas como as de pistolas, bem menos perfurantes que as de fuzis. Uma bala "perdida" de pistola tem menos chance de "achar" alguém que uma de fuzil de longo alcance.
O uso de fuzis automáticos FAL pela polícia explica-se pelo fato de os traficantes usarem armamento semelhante, como os americanos da série AR-15/ M-16 (ainda usados pelas tropas dos EUA no Iraque, e no Brasil pelos Fuzileiros Navais).
Mas as minas indicam que os traficantes estão levando a sério a idéia de que dispõem de territórios onde o poder estatal não chega. De que podem proteger trilhas nos morros com essa praga que aleija milhões no Terceiro Mundo e que despertou a consciência social até da princesa britânica Diana.
Ainda não houve uma vítima de mina nos morros do Rio. Mas isso parece ser apenas uma questão de tempo.


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