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SISTEMA PRISIONAL
Pelo menos dez detentos foram assassinados em Rondônia
Presos mantêm rebelião e matam mais três pessoas
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos dez detentos foram
mortos na rebelião da Casa de Detenção José Mário Alves, mais conhecida como Urso Branco, em
Porto Velho (RO). Durante o dia,
a Secretaria da Segurança informou que dez presos tinham sido
assassinados pelos colegas desde
sexta-feira, início do motim.
À noite, o coronel Valter Donizete Israel, que estava no comando da Polícia Militar, afirmou
que, na sexta-feira, dois foram assassinados; no domingo, mais
um; na segunda, três; e ontem,
mais três, que também tiveram
seus corpos atirados do telhado
do presídio. Segundo a contagem
do coronel, o número de mortes
desde o início do motim chegava
a nove.
Mas há outra versão. O promotor de Execuções Penais Hildon
de Lima Chaves, que entrou no
presídio, informou ter visto mais
dois corpos. Mas não se sabe se
essas mortes aconteceram ontem
ou no início do motim.
Nove detentos foram arremessados do telhado da cadeia para o
pátio, desde que a rebelião teve
início, na sexta-feira. Entre os
mortos, um foi decapitado, e um,
esquartejado, de acordo com o
coronel Israel.
Negociações
O governador do Estado, Ivo
Cassol (PSDB), afirmou que as
principais reivindicações dos detentos foram atendidas. O governo se comprometeu a trocar a direção do Urso Branco, garantir a
integridade dos cerca de 900 rebelados depois do fim do motim e
fazer melhorias na estrutura do
presídio.
Mas os detentos deram continuidade à rebelião. Além do que
já havia sido pedido, eles fizeram
novas exigências. Entre elas, que
fosse dado a eles o direito de escolher o novo diretor.
Diante da negativa do governo,
os rebelados recomeçaram a matar os companheiros.
Os 170 parentes dos presos continuam dentro da cadeia. "Se o
que queremos não for atendido,
vamos continuar matando", disse
um preso por telefone celular de
dentro do presídio.
PCC
Em faixas que os detentos penduraram nas janelas era possível
ler a inscrição 15.3.3 (que seria
uma referência aos números das
letras no alfabeto para PCC, o Primeiro Comando da Capital).
Em 2000, o Urso Branco recebeu dois integrantes do PCC
transferidos do Paraná. Vilmar
Ferreira Pinto, o "Paraná", 40, e
Luiz Frasão Corrêa, 50. Eles teriam liderado uma rebelião no local em novembro daquele ano.
Segundo o promotor Chaves,
não é provável que o PCC esteja
por trás da rebelião. As inscrições
nas faixas serviriam para impressionar as autoridades, segundo o
promotor.
O secretário da Segurança, Paulo Roberto Oliveira de Moraes, representantes da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), do Ministério Público Estadual, do Poder
Judiciário e da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto
Velho coordenavam as negociações com os rebelados.
Até o fechamento desta edição,
os rebelados estavam havia mais
de 48 horas sem comida. Alguns
deles mataram gatos no telhado
da instituição para comer.
Colaborou MARTHA ALVES, da Agência
Folha
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