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CRIME EM PERDIZES
Em carta, Gil Rugai critica a polícia
Justiça prorroga por 10 dias prisão de jovem acusado de matar o pai
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça prorrogou ontem, por
mais dez dias, a prisão temporária
do universitário Gil Rugai, 21, suspeito de matar o pai, o empresário
Luiz Carlos Rugai, 40, e a mulher
dele, Alessandra, 33. No pedido
de prorrogação, a polícia disse
que quatro testemunhas no inquérito foram ameaçadas, entre
elas o sócio de Gil, o publicitário
Rudi Otto Kretschmar, 28.
Quatro investigações paralelas
foram abertas pela polícia para
apurar supostas coações, segundo
o delegado Rodolfo Chiarelli Júnior, do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa).
Os autores ainda não foram
identificados. A última ameaça
refere-se a Kretschmar, que procurou a polícia no começo da semana passada para dizer que recebeu duas mensagens na sua secretária eletrônica.
Um homem o alertava para ter
cuidado. Em depoimento à polícia, o publicitário, sócio de Gil na
KTM Comunicação Ltda., disse
que desconfiou do universitário
desde que soube da morte de Rugai e Alessandra, ocorrida no dia
28 de março, em Perdizes (zona
oeste de São Paulo).
O vigia de rua Domingos Ramos Oliveira Andrade, que diz ter
visto Gil e outro jovem saindo da
casa de Rugai na noite do crime,
também teria sido ameaçado. Sua
guarita foi queimada e, no muro
da casa, foi escrito seu apelido na
seguinte frase: "Datena, morreu,
morreu, Vila Brasilândia".
Uma funcionária da Referência
Filmes, empresa de Rugai, teria sido ameaçada por telefone. Um
outro vigia de rua teria sido coagido pessoalmente por homens
desconhecidos.
Além das ameaças, a polícia disse ainda, no pedido de prorrogação feito ao juiz Cassiano Ricardo
Zorzi Rocha, do 5º Tribunal do
Júri, que precisa realizar outros
interrogatórios e espera o resultado de laudos. Segundo o Ministério Público, que foi favorável à
permanência de Gil na prisão, o
jovem poderia interferir no trabalho da polícia.
Os primeiros 15 dias da prisão
de Gil venceram à 0h de hoje. O
juiz considerou prejudicado o pedido de revogação da prisão temporária, feito pelos advogados de
Gil na última quinta-feira, porque
só ontem recebeu a solicitação. O
parecer da Promotoria, que foi
desfavorável, só foi entregue ontem, horas antes do fim da primeira ordem de prisão.
Uma advogada de Gil, que esperava a decisão do juiz, não quis
comentar o caso. Fernando José
da Costa, também advogado do
jovem, não foi encontrado.
Ontem, a mãe de Gil, Maristela
Greco, 40, leu uma carta escrita
pelo filho na prisão. Nela, o jovem diz que está com saudades da família, critica o trabalho da polícia e reclama
da falta de higiene da cela que
ocupa no 77º DP (Santa Cecília).
"Agora eu percebi o porquê de
todos os indícios levarem a apenas uma pessoa. Eles vêem o que
querem ver, e nada mais", diz trecho da carta.
Colaborou o "AGORA"
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