São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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CRIME EM PERDIZES

Em carta, Gil Rugai critica a polícia

Justiça prorroga por 10 dias prisão de jovem acusado de matar o pai

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça prorrogou ontem, por mais dez dias, a prisão temporária do universitário Gil Rugai, 21, suspeito de matar o pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e a mulher dele, Alessandra, 33. No pedido de prorrogação, a polícia disse que quatro testemunhas no inquérito foram ameaçadas, entre elas o sócio de Gil, o publicitário Rudi Otto Kretschmar, 28.
Quatro investigações paralelas foram abertas pela polícia para apurar supostas coações, segundo o delegado Rodolfo Chiarelli Júnior, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Os autores ainda não foram identificados. A última ameaça refere-se a Kretschmar, que procurou a polícia no começo da semana passada para dizer que recebeu duas mensagens na sua secretária eletrônica.
Um homem o alertava para ter cuidado. Em depoimento à polícia, o publicitário, sócio de Gil na KTM Comunicação Ltda., disse que desconfiou do universitário desde que soube da morte de Rugai e Alessandra, ocorrida no dia 28 de março, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
O vigia de rua Domingos Ramos Oliveira Andrade, que diz ter visto Gil e outro jovem saindo da casa de Rugai na noite do crime, também teria sido ameaçado. Sua guarita foi queimada e, no muro da casa, foi escrito seu apelido na seguinte frase: "Datena, morreu, morreu, Vila Brasilândia".
Uma funcionária da Referência Filmes, empresa de Rugai, teria sido ameaçada por telefone. Um outro vigia de rua teria sido coagido pessoalmente por homens desconhecidos.
Além das ameaças, a polícia disse ainda, no pedido de prorrogação feito ao juiz Cassiano Ricardo Zorzi Rocha, do 5º Tribunal do Júri, que precisa realizar outros interrogatórios e espera o resultado de laudos. Segundo o Ministério Público, que foi favorável à permanência de Gil na prisão, o jovem poderia interferir no trabalho da polícia.
Os primeiros 15 dias da prisão de Gil venceram à 0h de hoje. O juiz considerou prejudicado o pedido de revogação da prisão temporária, feito pelos advogados de Gil na última quinta-feira, porque só ontem recebeu a solicitação. O parecer da Promotoria, que foi desfavorável, só foi entregue ontem, horas antes do fim da primeira ordem de prisão.
Uma advogada de Gil, que esperava a decisão do juiz, não quis comentar o caso. Fernando José da Costa, também advogado do jovem, não foi encontrado.
Ontem, a mãe de Gil, Maristela Greco, 40, leu uma carta escrita pelo filho na prisão. Nela, o jovem diz que está com saudades da família, critica o trabalho da polícia e reclama da falta de higiene da cela que ocupa no 77º DP (Santa Cecília).
"Agora eu percebi o porquê de todos os indícios levarem a apenas uma pessoa. Eles vêem o que querem ver, e nada mais", diz trecho da carta.


Colaborou o "AGORA"


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