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HABITAÇÃO
Prefeitura entregará 75% das 30 mil unidades previstas; Estado concluiu 59,7 mil das 180 mil do Plano Plurianual
Alckmin e Marta descumprem metas
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à nova seqüência de
invasões de sem-teto em São Paulo, petistas e tucanos reiniciam o
tiroteio político em busca de culpados pela crise habitacional na
cidade. Ignoram, porém, que tanto a prefeita Marta Suplicy como o
governador Geraldo Alckmin
descumpriram metas do PPA
(Plano Plurianual), uma exigência da Constituição que estabelece
indicadores que o governante deve cumprir durante sua gestão.
Marta prevê no PPA 2002-2005
e em publicações oficiais a construção de 30 mil novas unidades.
Descontando as 7.000 iniciadas
na gestão Erundina (e congeladas
durante os oito anos das administrações de Paulo Maluf e de Celso
Pitta), vai fechar seu governo com
22.500 -75% do prometido. E
sem a garantia de que o restante
será entregue.
Já o governo Alckmin cumpriu
menos de um terço da meta habitacional prevista no PPA 2000-2003, que reúne os compromissos
assumidos pelo PSDB no programa de governo apresentado na
campanha eleitoral de 1998, que
reelegeu o governador Mário Covas (1930-2001). Alckmin, que era
o vice, executou a maior parte do
mandato. A meta era entregar 180
mil unidades habitacionais. No final de 2003 apenas 59,7 mil estavam prontas. Os dados foram fornecidos pela prefeitura paulistana
e pelo governo do Estado.
Nem mesmo um projeto conjunto será concluído como prometido. O convênio assinado por
Marta e Alckmin em janeiro de
2002 previa a construção de 5.000
casas. A prefeitura cederia os terrenos, e o Estado, os recursos.
Após mais de dois anos, apenas
600 unidades foram entregues na
zona leste da cidade. E pouco
mais da metade (cerca de 2.800)
será finalizada.
"Não foi fácil localizar os terrenos", justifica Marcos Barreto, secretário da Habitação de Marta.
"A prefeitura demorou para nos
ceder as áreas", dispara Barjas
Negri, secretário da Habitação de
Alckmin, que vê motivação política nas invasões ocorridas na segunda-feira. "Só não posso dizer
que é algo partidário. Mas que é
político, está claro. É só notar que
todas as invasões ocorreram em
terrenos do Estado", completa.
As palavras de Barjas Negri
ecoam as do governador, que anteontem classificou a recente ação
de "abril vermelho urbano", numa referência às invasões do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) neste mês.
O secretário vê "um movimento
articulado para pressionar o Estado e desgastar as boas políticas
habitacionais de Alckmin". E ironiza o fato de não terem ocorrido
invasões em áreas da prefeitura.
"É muita coincidência. Se bem
que [a prefeitura] não tinha muita
área para invadir, porque eles fazem muito pouco."
Negri relativiza os dados do
PPA. "A parcela dos recursos que
não foi aplicada na gestão anterior foi usada na atual. É por isso
que estamos com uma produção
acima da média da dos últimos
anos." Segundo ele, 80.869 unidades serão viabilizadas até o final
desta gestão.
Mais ameno nas críticas, o secretário municipal Marcos Barreto diz que busca uma ação unificada com o governo estadual para
resolver o déficit de 380 mil domicílios da capital paulista. E cita como principais realizações da gestão Marta a regularização de 69
loteamentos clandestinos, além
de outras 10 mil unidades que serão concluídas nos próximos
anos. Sobre a previsão do PPA,
afirma: "É um planejamento. É
natural que algumas coisas não se
realizem por completo e que haja
avanços em outras".
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