São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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Falta de medicamento pode ter causado mortes

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A falta de medicamentos pode ter contribuído para a morte de pelo menos cinco pacientes do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca (zona norte do Rio), referência em tratamento de Aids na cidade. A afirmação é do chefe da enfermaria de atendimento a pacientes com Aids, Carlos Alberto Morais de Sá, que entregou ontem um relatório ao Ministério Público Federal.
A direção do hospital, que pertence à Unirio (Universidade Federal do Rio), nega que os pacientes tenham morrido por falta de medicamentos e afirma que eles já chegaram em estado terminal.
"Falta dinheiro, faltam medicamentos, falta reagente para exames, falta comida de pacientes, faltam obras. Uma mulher está cega porque o remédio não chegou a tempo", diz Sá.
Segundo o relatório, assinado por 16 médicos do setor, caixas de anti-retrovirais estão sendo compartilhadas por diversos pacientes, com doses para período menor do que o normal. Também não é possível fazer radiografias, porque o aparelho está quebrado, nem hemogramas e sorologia anti-HIV, por falta de reagentes.
A sugestão dos médicos é suspender a recepção de novos pacientes. A unidade atende hoje cerca de 2.100 portadores de HIV.
A direção admite que podem ter faltado "poucos antibióticos" e que fez compras emergenciais para tratar os pacientes que posteriormente morreram.
"O orçamento estava emperrado, e tivemos alguns problemas, já solucionados. Se faltaram anti-retrovirais, faremos uma auditoria para saber a razão", diz Elizabeth Vasserman, diretora do hospital. Não houve resposta sobre a paciente que teria ficado cega.


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