|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeitura de SP multa consulado dos EUA
Representação norte-americana terá de pagar R$ 48 mil à prefeitura por, entre outras infrações, cortar árvores de modo irregular
Consulado descumpriu um compromisso para a execução de "projeto modificativo" e "reforma" em sua atual sede, na zona azul
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo foi
multado em R$ 48 mil pela prefeitura por cometer diversas infrações ambientais, entre as
quais cortar árvores em seu terreno, na zona sul da cidade.
Além de pagar a multa, o consulado terá de doar 2.720 mudas de árvores nativas ao viveiro Manequinho Lopes, no parque Ibirapuera, e plantar 45 árvores de porte médio em seu
imóvel, localizado na Chácara
Santo Antônio.
De acordo com a Secretaria
Municipal do Verde e do Meio
Ambiente, o órgão descumpriu
um Termo de Compromisso
Ambiental (TCA) firmado para
a execução de "projeto modificativo" e "reforma" na atual sede do consulado, onde antes
funcionava um laboratório da
empresa Sandoz.
A pasta verificou, em vistoria
no local, terem sido cortadas 33
árvores que, segundo o acordo,
deveriam ter sido preservadas e
mantidas no mesmo lugar.
Outras sete árvores que também precisavam ter sido conservadas foram mudadas de local no terreno. Mais sete árvores -que receberam autorização para serem trocadas de lugar, mas teriam que permanecer dentro do terreno- não foram encontradas na área.
"O TCA é como uma lei que
vale para as duas partes. O empreendedor tem obrigação de
cumprir. Eventualmente, ao fazer a sua obra, ele extrapola o
que foi autorizado, corta mais
do que foi autorizado. E, portanto, há pena. Isso não é muito
comum, mas acontece", disse
Hélio Neves, chefe de gabinete
da Secretaria do Verde.
Questionado se ficou surpreso pelo fato de o consulado não
ter respeitado o acordo com a
administração municipal e ter
cometido infrações ambientais, ele respondeu que "qualquer empreendedor que deixa
de cumprir o que está contratado nos surpreende".
O consulado tem um prazo
de 15 dias para recorrer das penalidades aplicadas -no entanto, o órgão não informou à reportagem se pretende fazê-lo
(veja texto ao lado).
Problema de projeto
Para Paulo Pellegrino, professor da área de paisagem do
departamento de Projeto da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, as árvores,
além de patrimônio da cidade,
têm muito valor ao minimizar
enchentes, melhorar o clima e
reduzir a poluição. Por isso,
afirma, devem "ser manejadas
de forma inteligente".
Segundo o arquiteto e urbanista, o problema na obra do
consulado poderia ter sido resolvido "com um bom projeto",
que levasse em conta a vegetação. "O estacionamento, por
exemplo, poderia ser feito de
maneira a acomodar a divisão
das vagas conforme o desenho
das árvores já existentes. Mas
muitos projetistas nem conhecem o terreno e, quando implantam o projeto, criam uma
incompatibilidade."
Pellegrino afirma ainda que
as compensações poderiam ser
realizadas não apenas no terreno, mas também em áreas próximas -como favelas da região,
que precisam de urbanização, e
vias públicas do bairro, que
"têm arborização precária".
Texto Anterior: Garoto de nove anos é vítima de bala perdida Próximo Texto: Consulado não comenta a decisão Índice
|