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PROTESTO
Apesar da proibição e do bloqueio do trânsito na região, as lideranças de associações não abrem mão da avenida
Manifestantes defendem uso da Paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
Os representantes dos seis sindicatos e associações que participaram do protesto na Paulista, na
última quinta-feira, defendem o
uso da avenida para grandes manifestações, apesar da proibição
legal e de possíveis prejuízos para
a rede de hospitais que dependem
do corredor de veículos.
A avenida Paulista é o principal
corredor de acesso para cerca de
20 hospitais e centenas de clínicas
e consultórios médicos.
Dois decretos regulamentam os
protestos na cidade. Um deles
proíbe a realização na avenida
Paulista. O outro obriga os manifestantes a informar a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
sobre o local e o roteiro do protesto com 48 horas de antecedência.
Os manifestantes não podem
bloquear o trânsito em nenhum
dos casos.
Os representantes citam os casos das comemorações do Ano
Novo e das torcidas de futebol
após a conquista de um campeonato, que tradicionalmente ocorrem na Paulista.
Segundo as categorias, o governo estadual só usa a repressão nas
manifestações envolvendo reivindicações de trabalhadores.
O secretário-geral da CUT
(Central Única dos Trabalhadores) do Estado de São Paulo, Carlos Ramiro de Castro, afirmou
que a entidade sempre pede à prefeitura autorização para realizar
manifestações.
"Para torcedores e festa de Ano
Novo, eles sempre dão um jeito.
Para os trabalhadores, o pedido é
sempre negado. O que eles querem é isolar o movimento e impedir que a população participe das
mobilizações", disse Castro.
O presidente do Sindicato dos
Metroviários de São Paulo, Onofre Gonçalves de Jesus, reconhece
que a Paulista é um corredor "importante e delicado", mas defende
a continuidade de protestos "desde que a ocupação atinja apenas
uma pista e seja organizada".
A Prefeitura de São Paulo informou que o caso da comemoração
de Ano Novo é diferente porque o
evento faz parte da programação
oficial da cidade.
Além disso, a comemoração é
programada com antecedência, o
que permite a implantação de rotas alternativas de trânsito, e ocorre à noite.
Célia Regina da Costa, diretora
do Sindsaúde, afirmou que as manifestações são legítimas e que
que a entidade preocupa-se com a
população.
"Sempre informamos a CET e o
comando da Polícia Militar antes
de organizar as manifestações",
disse Célia.
Segundo ela, o Sindsaúde avisou a polícia da possibilidade da
manifestação se complicar depois
das 13h de quinta-feira.
"O clima estava tranquilo. Havíamos discutido com a polícia o
que seria feito, caso os manifestantes ocupassem a outra pista da
avenida Paulista. Mas, a partir do
momento em que a tropa de choque se posicionou de maneira violenta, a população reagiu", afirmou a diretora do Sindsaúde.
Célia disse que o movimento tinha orientação e controle, mas
que a atitude da PM mudou a situação. "Tanto tínhamos o controle que continuamos com a manifestação depois da guerra."
Uma manifestação na zona leste
não causa nenhum efeito, segundo a diretora do Sindsaúde. "A
Paulista é um coração financeiro.
Ambulâncias passam pela cidade
inteira, quem se incomodou realmente com a manifestação não foi
a maioria da população, foram a
Fiesp e os bancos que estão no local", afirmou.
Maria Isabel Azevedo Noronha,
presidente da Apeoesp (sindicato
dos professores do Estado de São
Paulo) tem a mesma opinião da
diretora do Sindsaúde. "A Paulista era uma região politicamente
interessante para esse tipo de protesto", disse Maria Izabel.
Tanto a Secretaria da Educação
quanto a da Saúde não se manifestaram a respeito.
A presidente do Sinteps (sindicato do servidores das Fatecs e escolas técnicas estaduais), Silvia
Elena de Lima, também defendeu
a realização da manifestação na
Paulista por ser um símbolo de
São Paulo.
"É o lugar tradicional das passeatas. Os manifestantes também
têm o direito de ir e vir", disse Silvia. Ela afirmou que os manifestantes liberam a passagem para
casos de urgência.
"O governador Mário Covas
participou de muitas paralisações
na campanha pelas Diretas Já, que
também interditaram o trânsito
várias vezes."
Silvia alegou que locais destinados a concentrações e liberados
pela polícia -praça da Sé e praça
da República, por exemplo- não
são adequados para esse tipo de
protesto. "Decidimos por uma
passeata e a Paulista sempre foi o
melhor lugar."
O presidente do Fórum dos Seis,
Antonio Luz de Andrade, também defendeu o bloqueio da Paulista. "A ocupação do espaço público é um direito democrático de
qualquer pessoa em qualquer
parte do mundo", disse.
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