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VIOLÊNCIA
Policiais fariam até rondas em frente às casas de pessoas que revelaram ação de suposto grupo de extermínio em Guarulhos
Testemunhas denunciam ameaças de PMs
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Familiares de adolescentes assassinados, testemunhas e sobreviventes da ação de um suposto
grupo de extermínio existente em
Guarulhos (Grande São Paulo)
afirmam que estão sendo ameaçados por policiais militares.
Duas famílias de vítimas estão
em negociação e podem ingressar
no Provita (Programa Estadual de
Proteção a Testemunhas) de São
Paulo. A Corregedoria da Polícia
Militar afirma que vai investigar.
O medo de represália às pessoas
que testemunharam contra os
PMs foi uma das principais discussões na audiência pública realizada ontem, na Câmara Municipal de Guarulhos, pela comissão
especial do Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana.
Das 13 pessoas ouvidas, seis falaram que estão sofrendo ameaças no local onde moram por PMs
fardados ou à paisana.
O Ministério Público investiga a
morte de 40 adolescentes e o desaparecimento de outros nove desde 1999, de acordo com o promotor Neudival Mascarenhas Filho.
Segundo familiares de vítimas,
PMs passaram a fazer rondas sistemáticas em frente às casas para
intimidar as pessoas que denunciaram os atentados à Corregedoria ou à imprensa. Em outros casos, houve invasão de domicílio e
ameaças de morte.
S.L.G., 23, que perdeu um irmão, um primo e teve outro irmão ferido em uma chacina supostamente realizada por PMs,
no ano passado, disse que está
disposto a ingressar no Provita.
Ele afirma que foi espancado
por PMs em sua casa, horas depois da chacina. Segundo ele, são
esses mesmos policiais que agora
param o carro diversas vezes em
frente à sua casa.
Ele relata que carros da PM param, ligam a sirene e saem. Os faróis de carros da PM, direcionados para a casa à noite, costumam
fazer a família acordar assustada,
segundo S.
A ajudante geral A.M.S., mãe de
um jovem assassinado, disse que
PMs passaram a perseguir seus
outros dois filhos e ela teve de sair
do bairro. Segundo A., homens
invadiram na semana passada sua
antiga casa, onde hoje mora sua
cunhada, à procura de seus filhos.
Ela disse que seus dois sobrinhos foram espancados por PMs
para que informassem seu novo
endereço. A. afirmou que os PMs
resolveram perseguir sua família
depois que um dos seus filhos deu
entrevista a uma emissora de TV.
C.L.S., 47, disse que está sendo
ameaçado pelo PM que teria invadido sua casa e atirado em sua
perna, em novembro passado.
O deputado federal Orlando
Fantazzini (PT), presidente da comissão especial, solicitou à PM
que identifique e afaste os envolvidos nas ameaças. "Isso é grave.
Houve uma falha por parte da
PM. Existem dados suficientes
para, pelo menos, retirar de lá os
policiais citados pelos moradores", disse.
O corregedor-geral da PM, coronel Paulo Máximo, disse que a
polícia vai investigar os nomes
dos participantes e apurar se houve excessos. "Não compactuamos
com qualquer violação da lei."
Hoje, bombeiros devem fazer
uma busca na represa do Cabuçu,
em Guarulhos, apontada como
possível local de desova de cadáveres do grupo de extermínio.
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