São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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GUERRA URBANA / ENTREVISTA

Cotado para administrar o sistema penitenciário federal, Daniel Sampaio afirma que líder do PCC é irrecuperável

Para ele, entrada de celular em presídios é impedida ao vetar o contato físico entre preso e advogado, visitante e funcionários da detenção

Delegado da PF defende pena de morte para Marcola

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cotado para assumir, a partir de junho, a administração do sistema penitenciário federal, o delegado de Polícia Federal Daniel Sampaio, 56, defende a pena de morte para criminosos considerados sem recuperação. Inclui no grupo o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. "Defendo até, para esses que não têm recuperação, que o Estado tem que ceifar a vida dele. Pena de morte. A pena tem que ser adequada ao crime", afirma. Não há previsão legal para a pena de morte no Brasil.  

FOLHA - Como irão funcionar os presídios federais?
DANIEL SAMPAIO
- Existe uma equipe no Ministério da Justiça que está estudando esses procedimentos. O fundamental é que o preso ficará isolado. Não vai ter como se organizar, ficar trocando idéia com os outros. Outro aspecto que preocupa muito é a corrupção dos servidores. Esses presos perigosos têm um alto poder aquisitivo. O suborno é uma ameaça. Quanto aos celulares, é preciso impedir sua entrada nos presídios. E isso se pode fazer impossibilitando qualquer contato físico entre o preso e advogados, religiosos, visitantes e até servidores. Também é preciso impedir a entrada de qualquer produto para o preso, de pasta de dente a alimentação. É o Estado que tem que fornecer isso.

FOLHA - Marcola está entre os presos que o sr. vê como irrecuperável?
SAMPAIO
- Está.

FOLHA - Que deveria ser submetido à pena de morte?
SAMPAIO
- Sim.

FOLHA - Como é possível ter controle sobre bandidos perigosos?
SAMPAIO
- Você tem que colocar a coisa de uma maneira que o bandido pense: "Isso [crime] não vai compensar". Hoje, quando identificam um policial, eles matam. Isso não pode ser considerado somente um homicídio, esses casos em que o bandido mata um policial, um juiz, um membro do Ministério Público.
Tem que ter uma pena maior, uma pena capital. Tem que botar no infrator a consciência de que o crime não compensa, o que vale para roubar uma bala ou matar uma velhinha. A certeza de que não ficará impune botará freio na ação criminosa. Hoje, o crime que mais cresce é o de oportunidade. Depois o oportunista vira bandido.


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