São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Monjas vivem atrás de grades em busca de espiritualidade

Por opção, 25 mulheres moram isoladas em duas casas na região de Ribeirão Preto; rotina é marcada por orações

Revistas religiosas e o jornal do Vaticano estão liberados, mas, em São Carlos, do jornal local, são recortadas "só as notícias essenciais".

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

As notícias do mundo só chegam por alguns recortes de jornais ou pela boca de parentes. Em alguns momentos do ano, elas cobrem o rosto e evitam até a conversa entre si. A rotina atrás das grades marca a vida de 25 mulheres na região de Ribeirão Preto, que vivem isoladas do mundo. Por opção. A região abriga duas casas de monjas enclausuradas, em São Carlos e Franca, que encontram na rígida disciplina de oração e trabalho a paz espiritual.
Há 29 anos em São Carlos, a congregação das Monjas Passionistas de São Paulo da Cruz abriga atualmente dez monjas. Em Franca, são 15 religiosas da congregação das Monjas Carmelitas Descalças, criada há 19 anos na cidade. Apesar de ligadas a uma congregação, as casas são independentes. A verba vem de doações e dos trabalhos manuais das monjas -restauração de imagens, caligrafia para convites de formatura e bordados de roupas de sacerdotes.
As mulheres fazem os votos de pobreza, obediência e castidade. Há clausura nas ordens voltadas à vida contemplativa, em que as de oração se intercalam com trabalhos manuais. Este ritmo começa às 4h30 ou 5h da manhã e acaba às 20h.
"As grades funcionam não para que a gente não saia, mas para que vocês não entrem", diz a irmã Marta de Jesus Crucificado, monja passionista. As irmãs só saem para irem ao médico e em casos de doença grave dos pais. Já a entrada é permitida apenas para o bispo ou para serviços de manutenção.
Trabalhos de banco, correios e comunicação ficam a cargo da irmã Maria Elisabeth da Trindade, chamada de "irmã externa", que não vive a clausura.
O contato com as pessoas limita-se às missas diárias na capela, separadas do povo por grades. Há, ainda, o "locutório", sala dividida ao meio por uma tela para visita de parentes e de pessoas que pedem oração, atendidas com hora marcada.
Toda informação passa antes por um "filtro" entre as madres superioras. Revistas religiosas e o jornal do Vaticano estão liberados, mas, em São Carlos, do jornal local, são recortadas "só as notícias essenciais".


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