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Monjas vivem atrás de grades em busca de espiritualidade
Por opção, 25 mulheres moram isoladas em duas casas na região de Ribeirão Preto; rotina é marcada por orações
Revistas religiosas e o jornal do Vaticano estão liberados, mas, em São Carlos, do jornal local, são recortadas "só as notícias essenciais".
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
As notícias do mundo só chegam por alguns recortes de jornais ou pela boca de parentes.
Em alguns momentos do ano,
elas cobrem o rosto e evitam
até a conversa entre si. A rotina
atrás das grades marca a vida de
25 mulheres na região de Ribeirão Preto, que vivem isoladas
do mundo. Por opção. A região
abriga duas casas de monjas enclausuradas, em São Carlos e
Franca, que encontram na rígida disciplina de oração e trabalho a paz espiritual.
Há 29 anos em São Carlos, a
congregação das Monjas Passionistas de São Paulo da Cruz
abriga atualmente dez monjas.
Em Franca, são 15 religiosas da
congregação das Monjas Carmelitas Descalças, criada há 19
anos na cidade. Apesar de ligadas a uma congregação, as casas
são independentes. A verba
vem de doações e dos trabalhos
manuais das monjas -restauração de imagens, caligrafia para convites de formatura e bordados de roupas de sacerdotes.
As mulheres fazem os votos
de pobreza, obediência e castidade. Há clausura nas ordens
voltadas à vida contemplativa,
em que as de oração se intercalam com trabalhos manuais.
Este ritmo começa às 4h30 ou
5h da manhã e acaba às 20h.
"As grades funcionam não
para que a gente não saia, mas
para que vocês não entrem",
diz a irmã Marta de Jesus Crucificado, monja passionista. As
irmãs só saem para irem ao médico e em casos de doença grave
dos pais. Já a entrada é permitida apenas para o bispo ou para
serviços de manutenção.
Trabalhos de banco, correios
e comunicação ficam a cargo da
irmã Maria Elisabeth da Trindade, chamada de "irmã externa", que não vive a clausura.
O contato com as pessoas limita-se às missas diárias na capela, separadas do povo por
grades. Há, ainda, o "locutório",
sala dividida ao meio por uma
tela para visita de parentes e de
pessoas que pedem oração,
atendidas com hora marcada.
Toda informação passa antes
por um "filtro" entre as madres
superioras. Revistas religiosas
e o jornal do Vaticano estão liberados, mas, em São Carlos,
do jornal local, são recortadas
"só as notícias essenciais".
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