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Outro lado
Liminares impediram apreensões, diz secretaria
Secretaria alega que donos de caça-níqueis obtiveram decisões provisórias na Justiça Federal
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo afirmou,
por meio de sua assessoria, que
a polícia realizou várias ações
de apreensão de caça-níqueis
antes e depois da decisão da 5ª
Vara Criminal e que liminares
(decisões provisórias) concedidas pela Justiça em favor dos
donos das máquinas impediam
a apreensão em massa.
A secretaria informou que
que a Delegacia Geral de Polícia
conhecia o teor da decisão, mas
não disse quando foi notificada
pela primeira vez.
Em relatório encaminhado à
Justiça, no mês passado, o diretor do Decap (Departamento
de Polícia Judiciária da Capital), Aldo Galiano Júnior, disse
que foi informado da decisão
"por intermédio do Gaeco [órgão do Ministério Público]".
Segundo a assessoria, liminares conseguidas na Justiça Federal por proprietários das máquinas impediam as apreensões por parte da Polícia Civil.
Segundo a pasta, essas decisões
judiciais eram encaminhadas
pelos policiais para análise da
assessoria jurídica.
A secretaria também afirmou que as ações de apreensão
foram intensificadas quando
essas liminares foram sendo
derrubadas na Justiça.
Segundo o Ministério Público Estadual e o Federal, no entanto, as liminares referem-se
principalmente a bingos, e não
caça-níqueis em estabelecimentos comerciais. Não há um
levantamento sobre a abrangência dessas liminares. A polícia também não apresentou essa justificativa à Justiça.
Segundo Luis Augusto Storni, delegado-auxiliar da Delegacia Geral de Polícia, foram lacradas 5.940 máquinas na capital desde o último dia 17 de abril
-a estimativa é que existam
cerca 180 mil na capital.
A secretaria não informou
quantas máquinas foram
apreendidas desde março de
2006, quando ocorreu a primeira notificação ao delegado-geral sobre a ordem judicial.
Storni diz que as ações de
apreensão estão sendo intensificadas desde janeiro e insinuou que a demora no cumprimento da decisão seja responsabilidade do Judiciário. "Eu
não sei se foi algum problema
no fórum. É um problema que a
polícia não consegue explicar,
tem de ser a Justiça", disse.
O Decap solicitou à Justiça a
destruição das máquinas, já
que não tem lugar para depositá-las. A alternativa foi lacrar as
máquinas e deixá-las sob responsabilidade do dono.
Segundo a secretaria, 20 mil
máquinas foram apreendidas e
encaminhadas para Instituto
de Criminalística de 2003 até
os primeiros meses de 2006.
A novidade da decisão judicial, diz a pasta, é a dispensa da
perícia. Peritos chegaram a fazer laudo para calcular percentual de ganho da máquina, o
que é desnecessário, segundo
decisão do juiz Edison Brandão, pelo fato de o caça-níquel
já ser considerado jogo de azar,
proibido pelo Código Penal.
A reportagem não conseguiu
localizar o ex-delegado-geral
Marco Antonio Desgualdo, que
é diretor da Academia de Polícia Civil, e o ex-delegado-adjunto Luiz Carlos dos Santos,
em licença-prêmio. A secretaria disse também que não conseguiu contato com os dois.
A Folha deixou recados com
a secretária de Desgualdo, mas
o ex-delegado-geral não retornou as ligações. Segundo a assessoria da DGP, o atual delegado-geral Mário Jordão Toledo Leme estava em viagem e
não poderia falar a respeito.
O ex-secretário da Segurança
Saulo de Castro Abreu Filho
também não retornou as ligações da reportagem.
(GILMAR PENTEADO)
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