São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007
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Sala de inteligência da polícia tem guarda-disfarces e néon
Grupo de elite da Polícia Civil também deverá ter loja de presentes e academia de ginástica
DANIEL BERGAMASCO DA REPORTAGEM LOCAL Única mulher entre os 183 policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais), Marta Carnaes Gaia, 42, não desgruda de sua bolsa de couro, onde carrega o batom e suas três pistolas, apelidadas de "Tica", "Teca" e "Pituxa". Nos próximos dias, Marta poderá acrescentar aos acessórios um traje black-tie, de mendiga ou de funcionária da Sabesp. O grupo de elite da Polícia Civil de São Paulo lançará uma sala de "inteligência", com recursos como armário de disfarces e uma mesa de vidro iluminada por lâmpada de néon azul. "Parece coisa de filme, mas é simples", diz o supervisor do grupo, o delegado Luiz Antônio Pinheiro, 53, que usa um volumoso anel dourado na mão direita e carrega um celular que toca a música-tema do filme "Missão Impossível". Os disfarces -haverá também ternos e uniforme de carteiro- serão usados para espionar criminosos antes da chegada do resto do grupo. "Precisamos ter cuidado. A roupa de mendigo, por exemplo, não pode ter uma dobrinha, que o malfeitor pode desconfiar", diz Pinheiro, ao lado de sete subordinados que aguardavam em frente à TV, na noite de quarta, para ver o chefe em um telejornal. No galpão ao lado da sala, o GOE planeja montar uma academia de ginástica com tatame, aparelhos de musculação e um jardim de inverno, decorado com "umas plantas, umas samambaias". "O treinamento físico é fundamental, mas não quero cara "bombadinho". Quero caras inteligentes. Não quero machão, quero homem", diz o delegado. Os homens, diz Marta Gaia, são bons colegas. "Eles reparam até quando eu troco o esmalte, são super atenciosos", diz. "Quando teve os ataques do PCC [em maio de 2006], ficaram rindo de mim porque eu trabalhei tanto, estava com os pés cheios de bolhas e vim trabalhar de pantufas!" Criado em 91, com a missão de apoiar outros distritos em operações de alto-risco, como rebeliões de presos e casos com refém, o GOE tem 45 veículos. Na madrugada de sexta-feira, dois homens do grupo passaram por um aperto: foram assaltados em um bar do Jardim Miriam, zona sul da capital. O grupo participa também de estratégias de segurança, como a da visita do papa Bento 16 a São Paulo. Quanto ao santo padre, uma brincadeirinha pagã: os policiais colaram na mesa do delegado uma montagem com o pontífice discursando à frente do logotipo do grupo. Inteligência e parquinho A sala de "inteligência" deverá ficar pronta nos próximos dias. No ambiente, de cerca de 30 m2, um retroprojetor lançará imagens (como a planta de um banco ou o mapa de uma favela) em uma placa de vidro, instalada ao centro da mesa. "Antes, ficava cada um com o mapa em sua pastinha, as informações se desencontravam. Com todos vendo a imagem ao mesmo tempo, poderemos traçar uma estratégia rápida de quem vai por qual lado e montar uma operação em minutos", diz Pinheiro. Luís Storni, o delegado-assistente do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital, a que o GOE está subordinado), relativiza a agilidade. "A sala tem recursos muito positivos, claro. Mas não vejo que consiga trazer nenhum avanço extraordinário", avalia. A sede do GOE, instalada desde 2005 em uma carceragem desativada, no Campo Belo, terá mais novidades. "Aqui, ficará um "playground'", diz Pinheiro, apontando para um canto do pátio. "Queremos que os filhos de quem trabalha aqui venham nos visitar." Por fim, o delegado quer também montar uma lojinha de presentes, com produtos como carrinhos e bonés com a "marca" GOE. "É algo muito comum lá fora", argumenta. Colaborou GILMAR PENTEADO Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Ouvidor critica doações feitas por "amigos" Índice |
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