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Aprovada a guarda compartilhada de filhos
Projeto aprovado pela Câmara dos Deputados e que segue para a sanção do presidente inclui essa opção no Código Civil
Pelo sistema, que já é adotado informalmente, o
pai e a mãe separados participam das decisões e da
convivência com a criança
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados
aprovou ontem, por unanimidade, projeto que inclui no Código Civil a opção de guarda
compartilhada de filhos de pais
separados. Atualmente, apesar
de o sistema já existir na prática, o código estabelece apenas a
guarda unilateral, na qual o filho fica com a mãe ou com o pai.
Pelo projeto, que segue para
sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando não
houver acordo entre os pais
quanto à guarda do filho, será
aplicada, sempre que possível, a
guarda compartilhada.
A proposta diz que a guarda
compartilhada poderá ser requerida, por consenso, pelo pai
ou pela mãe ou conjuntamente
pelo casal ou ser decretada pelo
juiz. Nesse último caso, o magistrado terá o poder de definir
os períodos de convivência com
cada um deles.
O texto diz ainda que o juiz
poderá se basear em orientação
técnico-profissional ou de
equipe interdisciplinar.
As regras valem também para pais que nunca tenham se casado no papel. A guarda compartilhada é definida no projeto
como "o sistema de co-responsabilização do dever familiar
em que os pais, em caso de ruptura conjugal ou da convivência, participam igualmente da
guarda material dos filhos, bem
como dos direitos e deveres
emergentes do poder familiar".
Além de criar regras e abrir a
opção da guarda compartilhada, o projeto define também, no
Código Civil, o que denomina
de guarda unilateral.
O texto diz que a guarda unilateral obriga aquele que não a
detenha a supervisionar os interesses dos filhos.
Prevê que a guarda será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la
e mais aptidão para proporcionar aos filhos afeto, saúde, segurança e educação.
A relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social,
deputada Cida Diogo (PT-RJ),
diz que a guarda compartilhada
faz com que todas as decisões
sobre os filhos, como escola e
médico, sejam tomadas em
conjunto pelo pai e pela mãe.
Rodrigo Dias, fundador da
ONG Movimento Pais para
Sempre, comemorou a aprovação do projeto. "Já tenho a
guarda compartilhada do meu
filho há mais de dois anos, mas
a aprovação do projeto é importante para permitir um regime de maior convivência entre pais e filhos. Não queremos
que nenhum pai, a não ser que
queira, seja obrigado a ser pai
apenas nos finais de semana."
"A guarda compartilhada já
existe, mas hoje, se o guardião
quer deixar o outro sem informações sobre o filho, ele pode.
Esse tipo de coisa não poderá
mais acontecer", diz Dias.
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