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"Lei é utópica", diz representante da OAB
Wladimir Almeida, especialista em direito de família, diz que nova regra tem tudo para se tornar uma lei "que não pega"
Para o desembargador Henrique Nelson Calandra, a nova lei evitará que a criança sirva como meio de agressão entre os cônjuges
DA REPORTAGEM LOCAL
A mudança que inclui a guarda compartilhada dos filhos de
pais separados tem tudo para se
tornar uma lei utópica. Essa é a
opinião do presidente da Comissão de Direito Civil da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo, Wladimir
Nóbrega de Almeida, especialista em direito de família.
Para ele, a mudança será
mais para dividir deveres, mas
tem tudo para ser uma das leis
"que não pegam". "Utópica.
Porque sempre vai depender da
vontade dos envolvidos."
Almeida disse ainda que, se
os casais utilizarem o bom senso na separação, sempre a
criança sairá ganhando.
O Judiciário, na visão dele,
não vai mudar o critério da escolha entre pai e mãe. Vai manter quem tem melhores condições de cuidar do filho.
Outros especialistas ouvidos
pela Folha também disseram
que a mudança terá mais reflexos na divisão dos deveres do
que dos direitos.
Para o desembargador Henrique Nelson Calandra, presidente da Apamagis (Associação
Paulista de Magistrados), que
já atuou na vara da família, a legislação é "muito mais do que
aparenta ser" porque traz mais
obrigações do que direitos.
Na visão do desembargador,
essa mudança é positiva porque o filho muitas vezes é utilizado em um processo de separação como "algo para agredir
um ao outro".
Ainda segundo ele, a legislação pode facilitar a homologação de acordos entre casais separados. "Torna legal aquilo
que era consensual [entre as
partes, mas que a lei não permitia]", afirmou.
Para Ana Paula Soares da Silva, professora em desenvolvimento humano e educação infantil da USP (Universidade de
São Paulo) de Ribeirão Preto,
não será por lei que os litígios
de um casal em torno do filho
serão alterados. Para ela, a
guarda compartilhada pode ser
boa ou ruim. "Depende do casal, da dinâmica do casal."
Em qualquer situação, para
ela, o mais importante é o "nível de comunicação do casal".
"A lei só vai exigir um esforço a
mais [das partes]."
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