São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Plano do governo contra o crack inclui promessa repetida

Projeto de dobrar total de leitos para dependentes químicos no SUS, anunciado em junho de 2009, não saiu do papel por falta de verba

Medida, que custará R$ 90 mi neste ano, figura no novo plano de combate à droga, usada por 600 mil pessoas no país, segundo o ministério

Marcelo Justo/Folha Imagem
Usuário consome crack no centro de SP; o governo federal anunciou ontem plano de combate à droga

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal anunciou ontem mais um plano de combate ao crack, droga usada hoje por cerca de 600 mil pessoas no país, segundo estimativa do Ministério da Saúde.
O plano inclui uma promessa antiga já não cumprida no ano passado: a ampliação do número de leitos para dependentes químicos em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), de 2.500 para 5.000.
Essa medida irá custar R$ 90 milhões, 21,9% do orçamento do plano para 2010, de R$ 410 milhões -o valor total equivale a 29% do que o governo gastou no programa de combate à Aids no ano passado.
Ela já constava de outro plano, lançado em junho de 2009 pelo ministério, mas não foi executada por falta de dinheiro, segundo a ministra interina, Márcia Bassit, que substitui José Gomes Temporão enquanto ele está em Genebra.
O plano de ontem começou a ser elaborado no dia 9 de abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de seus ministros ações integradas para combater o uso do crack, droga que vicia rapidamente.
Na véspera, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mencionara o tema em evento da pré-campanha. O crack também já foi abordado em inserções do partido na TV.
A inclusão do tema no debate eleitoral se deve ao aumento do consumo de crack, inclusive na classe média. De 2008 para 2009, as apreensões da droga pela Polícia Federal aumentaram de 500 kg para 4.500 kg.
As medidas anunciadas ontem se constituem principalmente na ampliação de ações já existentes. "Não há grandes novidades", disse o general Jorge Armando Felix, ministro de Segurança Institucional. "A grande novidade é a intensificação dos esforços e o afluxo de mais recursos para podermos fazer as coisas melhor, mais depressa e mais integrados", completou.
As ações estão centradas em prevenção, tratamento do usuário e repressão ao tráfico.
Na área de saúde, além do aumento do número de leitos, haverá a ampliação de outras alternativas de tratamento.
Serão implementados 70 pontos de acolhimento em cidades com mais de 400 mil habitantes. Nesses locais, profissionais darão orientações sobre redução de danos e farão atendimentos de baixa complexidade. Os usuários poderão comer, tomar banho e descansar.
Serão construídos 60 abrigos para receber usuários em situação de risco (vítimas de ameaça, por exemplo). Eles poderão ficar de 30 a 40 dias nos locais.
Também será ampliado o número de "consultórios de rua", equipes de saúde que vão até os locais onde os usuários de drogas se encontram. Estão previstos ainda novos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e a transformação de 110 já existentes em unidades 24 horas.


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