São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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DESABAMENTO
Delegado do RJ também pediu a prisão de três engenheiros e do mestre-de-obras do edifício Palace 2
Justiça pede prisão preventiva de Sérgio Naya

da Sucursal do Rio

O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto pediu ontem a prisão preventiva do ex-deputado Sérgio Naya, dono da construtora Sersan, de outros três engenheiros e do mestre-de-obras que trabalharam no projeto e na construção do edifício Palace 2.
Nunes Pinto é o responsável pelas investigações sobre o desabamento do prédio, que provocou a morte de oito pessoas no dia 22 de fevereiro.
Ontem ele entregou o inquérito ao juiz Heraldo Saturnino de Oliveira, da 33ª Vara Criminal.
Os pedidos de prisão, segundo o delegado, foram para "assegurar a ordem pública e garantir a aplicação da lei".
O delegado indiciou Naya sob acusação de crime por "provocar desabamento, com agravamento de morte".
Também foram indiciados o engenheiro José Roberto Chendes, que fez o projeto estrutural, o engenheiro da Sersan Sérgio Murilo Domingues, o engenheiro Raimundo da Cruz Costa e o mestre-de-obras Almir Maia Machado.
"A tipicidade do delito é para crime de desabamento, e não homicídio, mas, com o agravante das mortes, a pena, que é de quatro anos para cada, dobra para oito", disse Nunes Pinto.
Segundo ele, a pena pode chegar a 16 anos porque é cumulativa: "Os acusados irão responder a um processo pelo desabamento e as mortes do Palace 2 e a outro pela tentativa no caso do Palace 1."
O Palace 1 foi construído com a mesma planta do edifício que desabou, está interditado, e passa por uma obra de recuperação estrutural.
O delegado afirmou que a promotora Maria Aparecida Lamoglia Dias responderá até o final do mês se aceitará ou não a denúncia. Depois o juiz vai analisar a acusação para poder iniciar o processo criminal.
Segundo o inquérito, "o único objetivo (dos indiciados) era obter vantagens e lucros financeiros, em total desprezo pela vida humana". "O pouco caso acarretou a perda de vidas e sonhos dos que ficaram sem seus lares, tornando evidente que assumiram o risco de produzir aquele resultado."
Apesar de os acusados terem participado de diferentes fases da construção do edifício, o delegado preferiu indiciá-los em conjunto.
"Todos foram negligentes e colaboraram para a tragédia, que só ocorreu porque eles apostaram no risco. Por isso houve crime doloso", afirmou Nunes Pinto.
O delegado elogiou o laudo pericial sobre as causas do desabamento, feito por peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli). O inquérito é baseado no depoimento de 88 testemunhas e nesse laudo, que apontou falhas em 78% dos pilares do prédio.



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