São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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POLÍCIA
Levantamento aponta que há ao menos 9 navios na baía de Guanabara, com capacidade para 500 presos
Rio vai estudar projeto de navio-presídio

GABRIELA MICHELOTTI
enviada especial ao Rio

O governador do Rio, Marcello Alencar, mandou a Secretaria da Segurança Pública estudar o projeto de transformar navios desativados em presídios para desafogar a superlotação das delegacias.
Ontem, a secretaria mandou ofício ao Ministério dos Transportes para saber quantos navios inativos estão hoje parados na baía de Guanabara.
Um levantamento prévio apontou que há pelo menos nove navios fundeados na baía, que teriam capacidade para receber 500 presidiários.
"O Greenpeace poderia vir para cá, aportaria com um bando de presos e ficaria admirando a natureza com os presos lá dentro", afirmou o secretário de Segurança, Noaldo Alves Silva, autor da idéia dos presídios flutuantes.
A frase se refere ao fato de que a ONG Greenpeace utiliza navios nas suas ações em defesa do meio ambiente.
"Vigiar presos não é o objetivo do Greenpeace. Isso é função do Estado", afirmou nota divulgada ontem pela direção do Greenpeace no Brasil.
Após visita à 31ª DP (Delegacia Policial), em Ricardo de Albuquerque, na zona norte da cidade, de onde fugiram na segunda-feira 49 detentos, Noaldo Alves Silva rebateu as críticas feitas aos "navios-presídios".
"Não me importo com a recepção que a idéia teve, é só uma entre outras sugestões", afirmou Silva. Um dos críticos dos presídios flutuantes foi o coordenador-geral do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), José Afonso Barreto de Macedo, que acha a idéia, no curto prazo, inviável.
Para ele, o custo de treinamento especializado, a adaptação dos navios e o remanejamento de pessoal de terra para o mar é muito alto.
Para Silva, o custo da proposta vai ser ainda estudado, e não serão descartadas outras sugestões, como a utilização de galpões e a criação de penitenciárias agrícolas, que já foram apresentadas ao Ministério da Justiça.
Hoje o secretário vai visitar um galpão próximo à praça Mauá (centro do Rio) e verificar a viabilidade de transformá-lo em presídio. "A superlotação da 31ª DP e das outras delegacias não se resolveria só com a transferência dos presos já condenados. É preciso criar uma solução de emergência", afirmou Silva.
Para ele, os navios-presídios seriam uma solução rápida para a superlotação das delegacias.
O Estado do Rio de Janeiro tem cerca de 7.600 presos em delegacias. Muitos deles já foram condenados, mas aguardam vagas em presídios para serem transferidos.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro fez ontem uma paralisação de 24 horas por reajustes salariais. Segundo a chefia de polícia, a movimentação nas delegacias foi normal. Para os coordenadores da greve, a adesão foi de 70%.



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