São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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ADMINISTRAÇÃO

Afonso, das Finanças de São Paulo, culpa acordo anterior e considera que dificuldades não serão apenas em 2005

Será difícil ajustar dívida à lei, diz secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem ganhar a cadeira de prefeito de São Paulo nas eleições de outubro vai herdar uma bomba-relógio com dia marcado para explodir: 1º de maio de 2005. É quando acaba o prazo para a cidade ajustar sua dívida de longo prazo à legislação. Algo que "dificilmente" acontecerá, disse em entrevista à Folha o secretário municipal das Finanças, Luís Carlos Fernandes Afonso, 43.
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a prefeitura tem de deixar a relação entre a sua dívida e a sua receita abaixo de um certo limite. Hoje, essa relação está muito acima do permitido, mas a resolução do Senado libera a prefeitura de retaliações, como bloqueio automático de verbas.
Quando o prazo acabar, em 2005, isso pode vir a acontecer. Atualmente, São Paulo já paga mais de R$ 100 milhões por mês ao governo federal, em razão da renegociação feita em 2000.
(FABIO SCHIVARTCHE)

 

Folha - No dia 1º de maio de 2005, a resolução 40 do Senado [de 2001] volta a vigorar, estabelecendo um limite muito abaixo do verificado hoje para o endividamento da cidade. A relação dívida sobre receita, que hoje é de 235,7%, terá que ser de 178,3%. Será possível reduzir o número para esse limite?
Luís Carlos Fernandes Afonso -
Há uma dificuldade da cidade em se adequar em razão da base como foi renegociado no passado. A cidade é vítima de um acordo feito no passado.
Não estou dizendo que seja impossível. Mas vamos ter dificuldades e não apenas no ano que vem.

Folha - Um de seus principais assessores, José Police Jr. [assessor-geral do Orçamento], disse, em evento público, que a prefeitura vai descumprir a lei nos próximos 15 a 20 anos por incapacidade financeira. O senhor está negociando com o governo federal um novo adiamento do prazo?
Afonso -
O atual governo federal também herdou essa situação, que vai ter que ser equacionada de alguma forma. Vamos fazer tudo o que for necessário para continuar cumprindo a legislação.

Folha - Existe alguma negociação em curso?
Afonso -
Não há nenhuma resolução feita, nenhuma medida.

Folha - Mas o prazo acaba daqui a um ano...
Afonso -
Você está tentando tirar uma coisa que eu não... A gente conversa a todo instante com o governo federal sobre as questões mais diversas.

Folha - Haverá contingenciamento [bloqueio de recursos] de receita na cidade em 2004?
Afonso -
Se for necessário para o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, será feito.

Folha - Marta vai finalizar seu mandato sem ter mexido no perfil da dívida?
Afonso -
A prefeita pegou uma cidade com dívidas enormes de longo e curto prazo, fornecedor sem receber e empenhos cancelados. A imagem da prefeitura com fornecedores e com o funcionalismo mudou completamente. Hoje, cumprimos todos os compromissos. Mas não dá para canalizar todas as receitas para resolver o problema da dívida herdada.

Folha - Por que o projeto da reforma previdenciária, que poderia aliviar o rombo orçamentário, ainda não foi enviado ao Legislativo?
Afonso -
Estamos fazendo os estudos necessários para isso. Não temos prazo, mas vai ser feito.


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