São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Especialistas fazem ressalvas a decreto polêmico

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em educação concordam com os objetivos do polêmico decreto que deu origem à greve -fazer com que os alunos não tenham vários professores num mesmo ano letivo e garantir que os docentes admitidos tenham competência para o trabalho-, mas discordam da forma como esses objetivos serão alcançados.
O decreto diz que, para mudar de escola, o professor precisa estar na rede há pelo menos três anos. E que, para substituir um colega em outro local, o período mínimo de substituição deve ser de 200 dias. Reduz-se a rotatividade dos docentes.
"É ruim para a criança ter um professor diferente a cada três meses. Quando está fixando o aprendizado, vem outro professor. Muda a pedagogia, muda a relação professor-aluno", diz Maria Márcia Malavasi, professora da Unicamp.
A professora Hyrla Tucci Leal, da PUC de São Paulo, concorda. Mas diz que não adianta restringir o direito da transferência. "Medidas autoritárias não resolvem. Sem plano de carreira, melhor condição de trabalho e salário digno, o professor vai continuar desmotivado, não vai se comprometer."
O decreto determina ainda que os professores temporários façam uma prova que, de acordo com as notas, determinará quem terá prioridade para assumir turmas no início do ano. "É preciso avaliar. Não conheço nenhum país do mundo que faça uma avaliação inicial do professor", afirma João Cardoso Palma Filho, da Unesp. Malavasi, da Unicamp, diz que não precisa ser por prova. "Há o currículo, o tempo de trabalho, a opinião dos alunos e dos diretores. Não se pode reduzir o destino do professor a uma única prova, como o vestibular."


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