|
Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/MEDIDAS
Governo decide reduzir em até 40% vôos em Congonhas
Pacote de medidas para o aeroporto é anunciado três dias após tragédia do Airbus
Objetivo é reduzir circulação de 18 mi de passageiros por ano para 10,8 mi por ano; SP
deverá ganhar um novo aeroporto internacional
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa espécie de resposta
oficial ao acidente com o Airbus
da TAM, o governo federal
anunciou ontem uma série de
medidas para restringir o uso
do aeroporto de Congonhas,
palco da tragédia.
Entre 30% e 40% dos vôos
que hoje pousam e decolam em
Congonhas serão retirados em
até 60 dias, e haverá outras limitações de utilização do aeroporto na zona sul de São Paulo.
Foi anunciada a intenção de fazer um terceiro aeroporto internacional perto de São Paulo.
Entre as medidas, que segundo o governo visam uma "reorganização do transporte aéreo
em São Paulo", estão a determinação para o fim de operações
com escalas e conexões num
prazo máximo de dois meses, o
impedimento a partir de hoje
de vôos fretados e "charters" -
não-regulares- e um limite
ainda não definido no uso do
aeroporto com táxi-aéreo.
Atualmente, segundo a Infraero (empresa que administra os aeroportos), Congonhas
tem um movimento anual de 18
milhões de passageiros, sendo
30% deles em vôos comerciais
com escala e conexões e outros
10% em operações com táxi aéreo, fretes e charters.
Com as medidas definidas
ontem pelo Conac (Conselho
de Aviação Civil), a meta do governo é reduzir esse movimento para 10,8 milhões de passageiros a cada ano. O limite máximo ideal para Congonhas, segundo a Aeronáutica, é de 12
milhões de passageiros/ano.
Em dois meses, a meta do governo é que, em relação aos
vôos comerciais, Congonhas
seja exclusivo para pontes-aéreas. Ou seja, a aeronave que
decolar de Congonhas rumo a
Brasília terá de obrigatoriamente retornar em seguida ao
aeroporto da capital paulista,
sem a opção para seguir a outras localidades. As conexões e
as escalas terão de ser remanejadas para aeroportos com "folga", como Viracopos (Campinas) e Galeão (Rio de Janeiro).
Uma primeira opção das empresas aéreas deve ser o remanejamento dessas conexões e
escalas ao aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, que hoje está próximo do
limite. De acordo com a Aeronáutica, Cumbica recebe atualmente cerca de 15,3 milhões de
passageiros a cada ano, Na prática, segundo os militares, poderia aumentar em "apenas" 3
milhões esse volume.
Novo aeroporto
Outra iniciativa é que a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) e a Infraero apresentem
em 90 dias um estudo de localização para a construção de um
novo aeroporto internacional
nas proximidades de São Paulo.
A meta é finalizá-lo até 2014
-ano em que o Brasil deve sediar a Copa do Mundo.
As principais medidas anunciadas ontem fazem parte de
resoluções aprovadas ontem
pelo Conac, em reunião com
representantes de seis ministérios, o comando da Aeronáutica
e representantes de Anac e Infraero. Entre outros, participaram os ministros Waldir Pires
(Defesa), Dilma Rousseff (Casa
Civil) e Celso Amorim (Relações Exteriores). As empresas
aéreas serão informadas hoje
do teor das resoluções.
Depois da reunião, Dilma e
Pires deram uma rápida e tumultuada entrevista, num auditório da Defesa.
"São medidas emergenciais,
de curto prazo, e elas visam aumentar o grau de confiança na
utilização do aeroporto de Congonhas. Isso significa primeiro
fazer uma restrição quanto à
vocação daquele aeroporto",
disse a ministra.
As novas medidas são uma
tentativa do governo de mais
uma vez apresentar respostas à
sociedade diante de uma crise
aérea iniciada logo após a queda do Boeing da Gol, em setembro do ano passado.
A restrição de vôos em Congonhas, por exemplo, vinha
sendo estudada havia meses,
mas só foi decidida agora, depois do acidente que vitimou
quase 200 pessoas.
O governo, por meio do
Conac, também decidiu que
novos vôos internacionais deverão ser alocados em outros
aeroportos. Além disso, a idéia
do governo federal, de acordo
com a resolução aprovada
ontem, é "renegociar os vôos
existentes" e levá-los a outros
Estados do país, como Belo
Horizonte (Confins) e Rio de
Janeiro (Galeão).
Próximo Texto: Para especialista, pacote é tímido em segurança Índice
|