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Para especialista, pacote é tímido em segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o professor da Escola
Politécnica da USP Jorge Leal
Medeiros, as medidas anunciadas pelo governo, dias depois
da maior tragédia da aviação civil no país, são "uma resposta
política a problemas técnicos".
Medeiros aponta que o pacote não privilegiou questões de
segurança. Chamou-lhe a atenção também o curto prazo (90
dias) dado para a localização de
um novo aeroporto em São
Paulo -construção à qual ele se
opõe- e a ausência de pontos
mais técnicos, como a realização do "grooving" (sistema de
escoamento de água) na pista
principal de Congonhas e a
construção de um equipamento chamado "arrestor bed"(barreira seguida de um tapete de
concreto triturado disposto ao
redor do final da pista).
Sobre as medidas de diminuição do tráfego em Congonhas, como proibição das escalas, Medeiros ressaltou que
"quantidade de movimento
não tem nada a ver com segurança", já que os intervalos entre os vôos estariam dentro da
margem de segurança.
Tardias, mas corretas
Mas para Alessandro Marques de Oliveira, coordenador
do Nectar (Núcleo de Estudos
em Competição e Regulação do
Transporte Aéreo), do ITA
(Instituto Tecnólogico da Aeronáutica), o pacote, que não
reage só ao acidente, mas também ao chamado "caos aéreo",
vai na direção correta.
"São medidas tardias, mas
corretas. E via canetada. Foi
preciso o Conac [Conselho de
Aviação Civil] se reunir para
agir. A percepção de que Congonhas está sobrecarregado
não é nova", diz Oliveira.
Com fim de escalas e conexões, diz o coordenador, Congonhas terá o uso para o qual
está preparado e "vocacionado": ser o receptor da ponte aérea que vem do Rio e das principais praças aéreas.
Fernando Alberto dos Santos, superintendente do Sneta
(Sindicato Nacional de Táxi Aéreo), também elogiou o pacote:
"Sempre advogamos que fazer
de Congonhas um redistribuidor de vôos era um erro". Ele
estima que entre 40% e 45% do
tráfico de Congonhas pode ser
reduzido com o fim de escalas e
conexões.
Santos e Oliveira coincidem
que um novo aeroporto é necessário e que as medidas sobre
Congonhas são "indigestas" e já
previstas e provavelmente foram postergadas por pressões,
das companhias e de passageiros -as primeiras preferem a
lucratividade de Congonhas; os
segundos, a proximidade.
"É isso que um agente regulador tem de fazer. Dar a sensação de que medidas corretas
mesmo que impopulares serão
tomadas", diz Oliveira.
O pacote diz que "limitará" o
uso do aeroporto para aeronaves executivas. Santos, do sindicato do setor, disse que não
está claro como funcionará. "O
bom senso diz que nossa operação seguirá em Congonhas."
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