São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Para especialista, pacote é tímido em segurança

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o professor da Escola Politécnica da USP Jorge Leal Medeiros, as medidas anunciadas pelo governo, dias depois da maior tragédia da aviação civil no país, são "uma resposta política a problemas técnicos".
Medeiros aponta que o pacote não privilegiou questões de segurança. Chamou-lhe a atenção também o curto prazo (90 dias) dado para a localização de um novo aeroporto em São Paulo -construção à qual ele se opõe- e a ausência de pontos mais técnicos, como a realização do "grooving" (sistema de escoamento de água) na pista principal de Congonhas e a construção de um equipamento chamado "arrestor bed"(barreira seguida de um tapete de concreto triturado disposto ao redor do final da pista).
Sobre as medidas de diminuição do tráfego em Congonhas, como proibição das escalas, Medeiros ressaltou que "quantidade de movimento não tem nada a ver com segurança", já que os intervalos entre os vôos estariam dentro da margem de segurança.

Tardias, mas corretas
Mas para Alessandro Marques de Oliveira, coordenador do Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo), do ITA (Instituto Tecnólogico da Aeronáutica), o pacote, que não reage só ao acidente, mas também ao chamado "caos aéreo", vai na direção correta.
"São medidas tardias, mas corretas. E via canetada. Foi preciso o Conac [Conselho de Aviação Civil] se reunir para agir. A percepção de que Congonhas está sobrecarregado não é nova", diz Oliveira.
Com fim de escalas e conexões, diz o coordenador, Congonhas terá o uso para o qual está preparado e "vocacionado": ser o receptor da ponte aérea que vem do Rio e das principais praças aéreas.
Fernando Alberto dos Santos, superintendente do Sneta (Sindicato Nacional de Táxi Aéreo), também elogiou o pacote: "Sempre advogamos que fazer de Congonhas um redistribuidor de vôos era um erro". Ele estima que entre 40% e 45% do tráfico de Congonhas pode ser reduzido com o fim de escalas e conexões.
Santos e Oliveira coincidem que um novo aeroporto é necessário e que as medidas sobre Congonhas são "indigestas" e já previstas e provavelmente foram postergadas por pressões, das companhias e de passageiros -as primeiras preferem a lucratividade de Congonhas; os segundos, a proximidade.
"É isso que um agente regulador tem de fazer. Dar a sensação de que medidas corretas mesmo que impopulares serão tomadas", diz Oliveira.
O pacote diz que "limitará" o uso do aeroporto para aeronaves executivas. Santos, do sindicato do setor, disse que não está claro como funcionará. "O bom senso diz que nossa operação seguirá em Congonhas."


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