JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Três dias depois do acidente do Airbus da TAM, o aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, o mais movimentado do país, teve 17 pousos desviados para outros aeroportos, entre as 6h e as 9h28 de ontem. A causa dos desvios, no entanto, só foi esclarecida no final do dia, depois de uma confusão envolvendo a Infraero (estatal que administra os aeroportos) e a Aeronáutica.
Pela manhã, a Infraero negou que o aeroporto estivesse fechado por causa de um nevoeiro. Segundo a empresa, havia a possibilidade de pousos por instrumentos e que os pilotos optaram por desviar o trajeto para os aeroportos de Guarulhos, na Grande SP, e Viracopos, em Campinas.
A informação sugeria um possível boicote dos pilotos às condições da pista auxiliar, que está sendo usada desde o acidente de terça-feira. O Sindicato Nacional dos Aeronautas afirmava que os pilotos tinham recebido a informação de que o aeroporto estava fechado por falta de condições de visibilidade -a pista auxiliar tem menor capacidade operacional.
À tarde, no entanto, a Infraero mudou a versão e disse que só a Aeronáutica poderia falar sobre o problema. No final do dia, a Aeronáutica confirmou que o aeroporto foi fechado por causa de um nevoeiro.
"Alguém jogou uma informação no ar. A informação fornecida ao piloto era de que as condições de visibilidade estavam abaixo dos níveis e que o aeroporto estava fechado", disse o diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho.
O nevoeiro que fechou o aeroporto de Congonhas levando à transferência de 17 vôos para outros aeroportos --um voltou ao ponto de origem, Galeão, no Rio- provocou um efeito cascata em todo o país.
O CGNA (Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea) suspendeu às 11h30 todas as decolagens rumo a Congonhas, Cumbica e Viracopos. As decolagens em direção aos aeroportos foram retomadas a partir das 12h30 nos aeroportos das regiões Norte e Nordeste; e, às 13h30, nos demais.
Até as 19h de ontem, segundo a Infraero, havia atrasos de mais de uma hora em 559 (36,8%) dos 1.516 vôos previstos até aquele horário. Houve 198 cancelamentos (13%).


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