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ARTIGO
Tributo a uma princesa morta
LUIZ CARLOS SELL
ESPECIAL PARA A FOLHA
Mariana foi condenada à
morte. Condenada e executada
sem chance de qualquer defesa.
Seu crime? Ela teve a audácia
de desafiar a incompetência,
imprevidência, irresponsabilidade e descaso das nossas autoridades dirigentes, dos órgãos
(ir)responsáveis, de um presidente da República tíbio e oscilante na resolução de um problema que todo cidadão medianamente informado tem como
resolver.
Mariana comprou uma passagem aérea no vôo 3054 da
TAM. Comprou assim a sua pena capital. Voou até Porto Alegre para uma entrevista com a
finalidade de assumir um emprego numa ONG internacional, cujo objetivo é a defesa dos
direitos humanos no planeta.
Mariana era advogada, especialista em direito internacional na área de meio ambiente e
intransigente na defesa da água
como direito da humanidade.
Tinha um currículo invejável e
era respeitada internacionalmente em vários países onde
proferiu conferências, publicou trabalhos e participou dos
grandes colóquios sobre o
assunto.
Não voltou para casa. Foi
executada criminosamente
junto com aproximadamente
180 pessoas ao embarcar em
um avião que previamente se
sabia ser portador de um defeito mecânico. A pergunta que
sempre fica nessas circunstancias é: DE QUEM É A CULPA?
Infraero, Anac, Cindacta, Decea, FAB, ministros, presidente
Lula, companhias aéreas? Essas são algumas das entidades
(ir)responsáveis pela aviação
civil no país.
Onde estão as autoridades dirigentes que, há nove meses,
desde o acidente aéreo com o
avião da Gol, vêm assistindo à
crises sucessivas no setor aéreo, constituindo-se no caos
administrativo, cujo resultado
são os péssimos serviços oferecidos àqueles que por ventura
necessitam utilizá-los?
Fruto do progresso, do desenvolvimento, ministro Mantega? Relaxar e gozar ou, mais
apropriadamente, relaxar e
morrer, sexóloga Marta Suplicy? Bem, não é culpa do governo e, sim, da companhia aérea. Que se fo..., não é ministro
Marco Aurélio Garcia? E o que
acha disso tudo o presidente
Lula?
A sociedade brasileira precisa dar um basta a esta situação.
Somente nosso grito pode acordar os torporosos dirigentes.
Não há comando. Estamos ao
sabor da procela.
Quero neste momento de dor
me solidarizar com os familiares das vítimas desta catástrofe.
Unidos, nosso grito de dor e de
revolta será mais forte.
A minha princesa Mariana,
estou certo de que encontrou a
paz. Condenaram-na à morte e
a executaram. A linda pessoa
que era, cheia de vida e projetos, devolveram-me sob a forma de um pedaço de carvão.
Que a morte dela não tenha sido em vão.
Suscito a todos que lerem este texto que lutem e mostrem
sua indignação com os fatos
ocorridos, para que outras pessoas não paguem com suas vidas pelo descaso e o desrespeito das autoridades.
Adeus, minha princesa. Deus
está contigo. Nós te amamos.
LUIZ CARLOS SELL é pai de Mariana Suzuki Sell,
passageira do vôo TAM JJ 3054.
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