São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/INDIGNAÇÃO

Gesto de assessor de Lula revolta parentes

Familiares de vítimas do acidente da TAM pediram a demissão de Marco Aurélio Garcia e cobraram retratação formal

"Cena beira ao ridículo. É uma ofensa à nação", disse pai de jovem de 14 anos que estava no Airbus-A320 que explodiu em Congonhas

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Revolta, indignação e pedidos de demissão. Os familiares das vítimas do Airbus-A320 exigem, no mínimo, uma retratação formal do assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, flagrado por câmeras anteontem ao lado do assessor Bruno Gaspar, em seu gabinete, fazendo gestos obscenos após assistir à reportagem sobre defeito no avião da TAM.
A imagem foi captada pela Rede Globo enquanto os dois estavam na sala de Garcia, no terceiro andar do Palácio do Planalto, vendo o noticiário. O operador de câmera que gravou o gesto estava do lado de fora - e a cortina estava aberta.
"A cena beira o ridículo. É uma ofensa à nação. Eles mostraram como tratam o luto oficial no Palácio", disse Christophe Haddad, consultor de empresas, pai de Rebeca Haddad, 14, morta no acidente. "Espero, realmente, que Lula demita essas pessoas e mostre que lá é lugar de gente séria. Eles mostraram que não têm respeito pelo cargo que ocupam."
Haddad contou que os parentes ficaram revoltados com os gestos e que querem a demissão dos responsáveis. "Ainda que o avião tenha tido um problema no reverso, isso não tira a responsabilidade do governo", afirmou. "No Brasil, a aviação é uma concessão pública e, portanto, de responsabilidade do governo." A professora Ana Silvia Scott, mãe de Thais Scott, 14, também quer demissões. "É uma total falta de respeito. Acham que somos palhaços, mas isso é medo de assumir as responsabilidades", disse. "Minha filha tinha toda a vida pela frente e nunca mais vou ver seu sorriso. Parece até que eles não têm a menor noção disso."

Jogo de empurra
André Cordeiro, irmão de Valdir de Moraes, 36, afirmou estar tão transtornado com o acidente que nem conseguiu refletir sobre o gesto. "Foi uma ação infeliz. Mas meu irmão está morto, pode estar picado. Essa é minha preocupação." O engenheiro mecânico Vinicius de Ávila Severo, que perdeu a mãe, Rosângela Maria Severo, e a tia, Silvania Regina de Ávila Alves, desabafou: "O gesto prova que aquele é o sentimento natural dele".
Para ele, um joga a culpa no outro. "Não pode acontecer um empurra que magoe tanto as pessoas. As partes têm de assumir as responsabilidades." David Julio Moreale, que perdeu o filho, Rodrigo Souza Moreale, 32, criticou os gestos dos assessores por serem membros do governo. "Isso não é coisa que se faça. Um homem que tem um cargo como esse precisa ter mais responsabilidade. Para mim, é pessoa sem valor."


Colaborou PAULO ARAÚJO, da Reportagem Local


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