São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Em junho, mesma aeronave havia tido problemas em vôo de Recife para Natal

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Airbus da TAM que explodiu após se chocar com um prédio da empresa em São Paulo, na terça-feira, já havia enfrentado problemas 26 dias antes do acidente. O avião não conseguiu decolar numa primeira tentativa de Recife para Natal no dia 24 de junho passado, abortou o procedimento e só seguiu vôo 40 minutos depois.
A Infraero confirma o incidente, mas não soube dizer qual foi o problema porque o piloto não declarou nenhuma emergência. Segundo o relato de uma passageira, a jornalista Márcia Oleskovicz, noiva do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), o comandante citou "problemas hidráulicos".
O vôo JJ-3574 saiu de Brasília, fez a conexão em Recife e seguiu para Natal. Márcia conta que um passageiro que estava ao seu lado percebeu que alguma coisa estava errada e acionou a comissária. Como resposta, foi alertado de que o avião estava decolando e que todos deveriam permanecer sentados. Segundos depois, conforme Márcia, com o avião em alta velocidade e perto da cabeceira da pista, o piloto freou bruscamente e retornou para o terminal de passageiros.
Os passageiros não foram retirados do avião. Receberam a explicação de que a manobra era devido a problemas hidráulicos e que não havia riscos para a segurança do vôo -o conserto só seria feito em Natal. O vôo só foi retomado, no entanto, 40 minutos depois. A aeronave sairia à 00h10 mas partiu apenas às 00h50.
A TAM não se pronunciou sobre o caso até a conclusão desta edição. A empresa já admitiu saber desde 13 de julho que o avião tinha defeito no reversor da turbina direita.
"Eu viajo muito de avião e nunca vi isso acontecer. Foi um susto muito grande para todos os passageiros, ficou todo mundo alarmado", disse Márcia.
Uma semana antes do acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas, ela havia viajado na mesma aeronave da empresa, mas neste caso sem incidentes. "Foi a segunda vez que isso aconteceu comigo, que a tragédia passou muito perto."
"Saber que eu entrei naquele avião, que teve um problema semelhante [ao que pode ter provocado o acidente] me deixou muito mais sensibilizada com o que ocorreu. Fiquei pensando que alguém sentou no mesmo lugar que eu", afirmou.
Márcia disse que não tem como deixar de viajar de avião. No entanto, ela diz que, por via das dúvidas, "redobrou" a oração que faz antes de embarcar em uma aeronave.


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