|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em junho, mesma aeronave havia tido problemas em vôo de Recife para Natal
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Airbus da TAM que explodiu após se chocar com um prédio da empresa em São Paulo,
na terça-feira, já havia enfrentado problemas 26 dias antes
do acidente. O avião não conseguiu decolar numa primeira
tentativa de Recife para Natal
no dia 24 de junho passado,
abortou o procedimento e só
seguiu vôo 40 minutos depois.
A Infraero confirma o incidente, mas não soube dizer
qual foi o problema porque o
piloto não declarou nenhuma
emergência. Segundo o relato
de uma passageira, a jornalista
Márcia Oleskovicz, noiva do
deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR), o comandante citou "problemas hidráulicos".
O vôo JJ-3574 saiu de Brasília, fez a conexão em Recife e
seguiu para Natal. Márcia conta
que um passageiro que estava
ao seu lado percebeu que alguma coisa estava errada e acionou a comissária. Como resposta, foi alertado de que o
avião estava decolando e que
todos deveriam permanecer
sentados. Segundos depois,
conforme Márcia, com o avião
em alta velocidade e perto da
cabeceira da pista, o piloto
freou bruscamente e retornou
para o terminal de passageiros.
Os passageiros não foram retirados do avião. Receberam a
explicação de que a manobra
era devido a problemas hidráulicos e que não havia riscos para
a segurança do vôo -o conserto
só seria feito em Natal. O vôo só
foi retomado, no entanto, 40
minutos depois. A aeronave
sairia à 00h10 mas partiu apenas às 00h50.
A TAM não se pronunciou
sobre o caso até a conclusão
desta edição. A empresa já admitiu saber desde 13 de julho
que o avião tinha defeito no reversor da turbina direita.
"Eu viajo muito de avião e
nunca vi isso acontecer. Foi um
susto muito grande para todos
os passageiros, ficou todo mundo alarmado", disse Márcia.
Uma semana antes do acidente com o avião da Gol, que
matou 154 pessoas, ela havia
viajado na mesma aeronave da
empresa, mas neste caso sem
incidentes. "Foi a segunda vez
que isso aconteceu comigo, que
a tragédia passou muito perto."
"Saber que eu entrei naquele
avião, que teve um problema
semelhante [ao que pode ter
provocado o acidente] me deixou muito mais sensibilizada
com o que ocorreu. Fiquei pensando que alguém sentou no
mesmo lugar que eu", afirmou.
Márcia disse que não tem como deixar de viajar de avião. No
entanto, ela diz que, por via das
dúvidas, "redobrou" a oração
que faz antes de embarcar em
uma aeronave.
Texto Anterior: Tragédia em Congonhas/Segurança: Anac aconselha reversor em pista molhada Próximo Texto: Após acidente, IPT conclui que pista tem condições de atrito mesmo sem "grooving" Índice
|