São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Especialistas divergem sobre importância do reversor em pista molhada

DA REPORTAGEM LOCAL

O procedimento de pousar no aeroporto de Congonhas com a pista molhada e sem reversores divide pilotos.
Ouvidos pela Folha, alguns afirmaram que, mesmo nessas condições, decidiriam pousar, porque são treinados para lidar com a situação. Outros, que esses problemas são relevantes e que não arriscariam -se necessário, mudariam de aeroporto.
Hugo Stringhini, presidente do sindicato dos pilotos da aviação civil, que tem 22 mil horas de vôo, diz que os reversores são só auxiliares à frenagem, mas que não pousaria assim em Congonhas.
"Sabendo que um está bloqueado e conhecendo a pista escorregadia, eu não assumiria esse risco. Em aviação é preciso ser conservador", diz ele, acrescentando que "há pressão das empresas para pousar logo".
Stringhini avalia que é pior pousar com um só reversor do que sem nenhum -sob risco de a turbina ter mais força de somente um lado para arremeter.
Raul Francé Monteiro, com 28 anos de experiência, sendo 8 como piloto da TAM, disse que optaria por mudar o aeroporto. "Eu conheço pilotos, colegas meus, que pousariam em qualquer situação. A diferença é que eu estou vivo e todos os meus passageiros também."
O presidente da VarigLog, João Luís Bernes de Sousa, disse ontem que, mesmo em aviões de carga, é muito comum voar com os reversores desligados ou com pane.
O fato de um piloto saber que seu reversor não está funcionando, para ele, não é motivo para que se aborte um vôo. "Já pousamos vários vezes aviões bem maiores que Airbus-A320 sem reversor ligado e nunca tivemos problemas."
A VarigLog opera com aviões Boeing-727/100, 727/200, 757/200 e MD-11 nos aeroportos de Guarulhos e Campinas.
O piloto Célio Eugênio de Abreu Júnior, do Sindicato Nacional dos Aeronautas, também avalia ser possível pousar com segurança mesmo com um reversor defeituoso e com a pista molhada em Congonhas.
Para ele, se mantidos os limites de peso para a pista que vai operar, a frenagem não depende do reversor. "A operação com um reversor é possível, mas é preciso fazer adequação dos procedimentos. Entre ter dois reversores e um, há uma operação diferenciada."
Abreu Júnior afirma que, se um dos reversores está travado, os pilotos têm a informação previamente. "A não ser que isso ocorra durante a operação. Aí ele tem treinamento para reagir àquela condição."
O presidente da Associação de Aposentados da Transbrasil, Francisco Tomaz, que trabalhou com Henrique Stephanini Di Sacco, comandante do vôo 3054 da TAM, minimiza a importância do reversor, mas ressalta a da pista. "O problema foi de aquaplanagem. Se a pista estivesse seca, não teria acontecido isso." (ALENCAR IZIDORO, CLÁUDIA COLLUCCI, FABIANO SEVERO E EVANDRO SPINELLI)


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