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Especialistas divergem sobre importância do reversor em pista molhada
DA REPORTAGEM LOCAL
O procedimento de pousar
no aeroporto de Congonhas
com a pista molhada e sem reversores divide pilotos.
Ouvidos pela Folha, alguns
afirmaram que, mesmo nessas
condições, decidiriam pousar,
porque são treinados para lidar
com a situação. Outros, que esses problemas são relevantes e
que não arriscariam -se necessário, mudariam de aeroporto.
Hugo Stringhini, presidente
do sindicato dos pilotos da
aviação civil, que tem 22 mil
horas de vôo, diz que os reversores são só auxiliares à frenagem, mas que não pousaria assim em Congonhas.
"Sabendo que um está bloqueado e conhecendo a pista
escorregadia, eu não assumiria
esse risco. Em aviação é preciso
ser conservador", diz ele, acrescentando que "há pressão das
empresas para pousar logo".
Stringhini avalia que é pior
pousar com um só reversor do
que sem nenhum -sob risco de
a turbina ter mais força de somente um lado para arremeter.
Raul Francé Monteiro, com
28 anos de experiência, sendo 8
como piloto da TAM, disse que
optaria por mudar o aeroporto.
"Eu conheço pilotos, colegas
meus, que pousariam em qualquer situação. A diferença é
que eu estou vivo e todos os
meus passageiros também."
O presidente da VarigLog,
João Luís Bernes de Sousa, disse ontem que, mesmo em
aviões de carga, é muito comum voar com os reversores
desligados ou com pane.
O fato de um piloto saber que
seu reversor não está funcionando, para ele, não é motivo
para que se aborte um vôo. "Já
pousamos vários vezes aviões
bem maiores que Airbus-A320
sem reversor ligado e nunca tivemos problemas."
A VarigLog opera com aviões
Boeing-727/100, 727/200,
757/200 e MD-11 nos aeroportos de Guarulhos e Campinas.
O piloto Célio Eugênio de
Abreu Júnior, do Sindicato Nacional dos Aeronautas, também avalia ser possível pousar
com segurança mesmo com
um reversor defeituoso e com a
pista molhada em Congonhas.
Para ele, se mantidos os limites de peso para a pista que vai
operar, a frenagem não depende do reversor. "A operação
com um reversor é possível,
mas é preciso fazer adequação
dos procedimentos. Entre ter
dois reversores e um, há uma
operação diferenciada."
Abreu Júnior afirma que, se
um dos reversores está travado, os pilotos têm a informação
previamente. "A não ser que isso ocorra durante a operação.
Aí ele tem treinamento para
reagir àquela condição."
O presidente da Associação
de Aposentados da Transbrasil,
Francisco Tomaz, que trabalhou com Henrique Stephanini
Di Sacco, comandante do vôo
3054 da TAM, minimiza a importância do reversor, mas ressalta a da pista. "O problema foi
de aquaplanagem. Se a pista estivesse seca, não teria acontecido isso."
(ALENCAR IZIDORO, CLÁUDIA COLLUCCI, FABIANO SEVERO E EVANDRO
SPINELLI)
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