|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS
TAM agora admite que havia 187 no avião
Marcos Stepanski era piloto da empresa e viajava como tripulante em trânsito para tirar licença do Airbus em São Paulo
Corpo da vítima ainda não foi reconhecido pelo IML; empresa informa que ele embarcou com passe livre, sem cartão de embarque
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após reportagem publicada
ontem pela Folha que informava, segundo relato de familiares, a presença de mais um
tripulante no vôo 3054 -um
piloto da empresa-, a TAM
corrigiu a lista de passageiros e
confirmou que Marcos Dias
Stepanski, 27, estava no Airbus-A320. Com isso, sobe para
187 o número de mortos na aeronave. São 197 no total.
A companhia informou que
Stepanski viajava como tripulante não-operante no avião.
Apesar de a confirmação só ter
saído ontem, a família já recebia assistência da empresa.
Levantamento inicial da
TAM na noite de terça-feira indicava 176 pessoas no Airbus,
entre passageiros, tripulantes e
funcionários da companhia em
trânsito. No dia seguinte, a lista
foi atualizada para 186. Com o
reconhecimento de Stepanski,
a contabilidade fica em 160
passageiros pagantes, duas
crianças de colo, seis tripulantes a trabalho no vôo e 19 tripulantes e/ou empregados em
trânsito para outros destinos.
A capacidade do avião, segundo a companhia, era de 174
passageiros e 11 tripulantes, o
que totaliza 185 ocupantes. Os
dois a mais seriam os bebês que
viajavam no colo dos pais.
Habilitação
Nascido numa família de comandantes e comissários, Stepanski, habilitado para conduzir aviões de menor porte, ia a
SP para fazer os exames para
obtenção da licença do Airbus.
Ele teria embarcado de carona pelo despacho de operações
da TAM, central que organiza a
escala de tripulantes.
No fim da tarde de ontem, a
empresa divulgou nota com a
seguinte declaração: "A TAM
lamenta informar que seu co-piloto Marcos Stepanski também estava a bordo do vôo JJ
3054 como tripulante não-operante naquela aeronave. A confirmação dos dados se dará a
partir da identificação das vítimas pela Secretaria de Segurança Pública".
"Ficamos felizes porque ninguém tinha conhecimento [do
paradeiro dele]. Graças a Deus
a companhia reconheceu que
ele estava no vôo. É uma coisa
que não sabemos nem o que falar", afirmou ontem, de Porto
Alegre, a prima Seni Stepanski.
O pai do piloto, Carlos Henrique, e a irmã gêmea -que estava na Europa e voltou ao Brasil
para o resgate do corpo- estão
em SP. Até ontem à noite o corpo não havia sido reconhecido
pelo Instituto Médico Legal.
A Associação dos Tripulantes
da TAM, a maior do setor na
América Latina, com 2.500
membros, havia pedido informações à empresa no dia anterior e diz que, por ser piloto,
Marcos não precisaria de cartão de embarque e que era provável que ele tenha embarcado
sem ter feito check-in.
À Folha, a TAM explicou que
a diferença na lista de passageiros decorre dos vários métodos
de contabilidade. Na primeira
lista, com os 176 passageiros,
foi baseada apenas nos registros de check-in. Depois, são
contados tripulantes e funcionários da própria companhia
que estavam em trânsito. A
confirmação de Marcos Stepanski só pôde ser feita ontem
depois da identificação do passe livre dele, feita na base.
Do Rio, João Stepanski, avô
de Marcos e comandante aposentado da Varig, onde pilotou
por 42 anos, disse ontem à Folha que família reconheceu o
neto em imagens das câmeras
de segurança do corredor de
embarque do aeroporto de Porto Alegre. A TAM diz que não
usou esse método. "Já foi visto
que ele realmente estava entrando no avião", disse o avô.
Texto Anterior: Especialistas divergem sobre importância do reversor em pista molhada Próximo Texto: Gerente que preferiu ficar e salvar colegas é enterrado sob aplauso de 300 pessoas Índice
|