São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS

TAM agora admite que havia 187 no avião

Marcos Stepanski era piloto da empresa e viajava como tripulante em trânsito para tirar licença do Airbus em São Paulo

Corpo da vítima ainda não foi reconhecido pelo IML; empresa informa que ele embarcou com passe livre, sem cartão de embarque

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após reportagem publicada ontem pela Folha que informava, segundo relato de familiares, a presença de mais um tripulante no vôo 3054 -um piloto da empresa-, a TAM corrigiu a lista de passageiros e confirmou que Marcos Dias Stepanski, 27, estava no Airbus-A320. Com isso, sobe para 187 o número de mortos na aeronave. São 197 no total.
A companhia informou que Stepanski viajava como tripulante não-operante no avião. Apesar de a confirmação só ter saído ontem, a família já recebia assistência da empresa.
Levantamento inicial da TAM na noite de terça-feira indicava 176 pessoas no Airbus, entre passageiros, tripulantes e funcionários da companhia em trânsito. No dia seguinte, a lista foi atualizada para 186. Com o reconhecimento de Stepanski, a contabilidade fica em 160 passageiros pagantes, duas crianças de colo, seis tripulantes a trabalho no vôo e 19 tripulantes e/ou empregados em trânsito para outros destinos.
A capacidade do avião, segundo a companhia, era de 174 passageiros e 11 tripulantes, o que totaliza 185 ocupantes. Os dois a mais seriam os bebês que viajavam no colo dos pais.

Habilitação
Nascido numa família de comandantes e comissários, Stepanski, habilitado para conduzir aviões de menor porte, ia a SP para fazer os exames para obtenção da licença do Airbus.
Ele teria embarcado de carona pelo despacho de operações da TAM, central que organiza a escala de tripulantes.
No fim da tarde de ontem, a empresa divulgou nota com a seguinte declaração: "A TAM lamenta informar que seu co-piloto Marcos Stepanski também estava a bordo do vôo JJ 3054 como tripulante não-operante naquela aeronave. A confirmação dos dados se dará a partir da identificação das vítimas pela Secretaria de Segurança Pública".
"Ficamos felizes porque ninguém tinha conhecimento [do paradeiro dele]. Graças a Deus a companhia reconheceu que ele estava no vôo. É uma coisa que não sabemos nem o que falar", afirmou ontem, de Porto Alegre, a prima Seni Stepanski.
O pai do piloto, Carlos Henrique, e a irmã gêmea -que estava na Europa e voltou ao Brasil para o resgate do corpo- estão em SP. Até ontem à noite o corpo não havia sido reconhecido pelo Instituto Médico Legal.
A Associação dos Tripulantes da TAM, a maior do setor na América Latina, com 2.500 membros, havia pedido informações à empresa no dia anterior e diz que, por ser piloto, Marcos não precisaria de cartão de embarque e que era provável que ele tenha embarcado sem ter feito check-in.
À Folha, a TAM explicou que a diferença na lista de passageiros decorre dos vários métodos de contabilidade. Na primeira lista, com os 176 passageiros, foi baseada apenas nos registros de check-in. Depois, são contados tripulantes e funcionários da própria companhia que estavam em trânsito. A confirmação de Marcos Stepanski só pôde ser feita ontem depois da identificação do passe livre dele, feita na base.
Do Rio, João Stepanski, avô de Marcos e comandante aposentado da Varig, onde pilotou por 42 anos, disse ontem à Folha que família reconheceu o neto em imagens das câmeras de segurança do corredor de embarque do aeroporto de Porto Alegre. A TAM diz que não usou esse método. "Já foi visto que ele realmente estava entrando no avião", disse o avô.


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