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Perfil de pessoas mortas é diferente na gripe sazonal
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O perfil das pessoas mortas
pela nova influenza A (H1N1)
difere do da gripe sazonal. Desde os primeiros casos, identificados no México em abril, chamou a atenção de pesquisadores a proporção relativamente
alta de adultos jovens sem história de doenças prévias que
sucumbiu à moléstia.
Artigo publicado em 22 de
maio no boletim epidemiológico semanal da Organização
Mundial da Saúde (OMS) informa que, de 45 óbitos analisados
no México, 54% ocorreram entre pessoas sem história de risco. A maioria destes (67,6%) tinha entre 20 e 49 anos.
Algo semelhante foi observado num grupo de 624 pacientes
que necessitaram de hospitalização nos EUA para tratar
complicações provocadas pelo
H1N1: 59% não apresentavam
comorbidades conhecidas.
A gripe sazonal faz suas vítimas preferenciais entre os
muito jovens (menos de dois
anos) e -especialmente- os de
mais de 65. Levantamento feito
pelos CDCs (Centros para Prevenção e Controle de Doenças)
dos EUA mostrou que, de janeiro a abril deste ano, 90% das 13
mil mortes registradas no país
por conta de complicações da
gripe sazonal ocorreram entre
maiores de 65 anos.
No Brasil, embora os 15 óbitos sejam ainda pouco para
configurar uma base estatística
confiável, pelo menos cinco foram de jovens (5 a 37 anos) sem
doenças prévias conhecidas.
Os grupos mais comumente
identificados como de risco elevado incluem imunodeprimidos, cardiopatas, diabéticos,
grandes obesos, gestantes e
portadores de doenças pulmonares e renais crônicas.
Uma das hipóteses mais ventiladas para alta mortalidade de
pessoas sem fatores de risco é o
fenômeno da tempestade de citocinas: indivíduos jovens, com
sistemas imunes mais robustos, por vezes respondem de
forma exacerbada a uma infecção, produzindo grandes quantidades de citocinas. Normalmente, essas moléculas modulam as defesas do organismo. A
produção desregulada, entretanto, pode lesar tecidos, em
especial os do pulmão, provocando a morte do paciente.
Acredita-se que o mecanismo da tempestade de citocinas
tenha desempenhado um papel
importante nos óbitos da grande pandemia de gripe espanhola, em 1918, e da Sars, em 2003
-também caracterizadas pela
alta mortalidade de jovens.
Apostando na prudência, porém, os CDCs, no que são
acompanhados pelo Ministério
da Saúde do Brasil e várias outras autoridades sanitárias pelo
mundo, julgam que ainda não
há evidências suficientes para
justificar uma mudança de conduta. Seguem recomendando
que crianças pequenas e idosos,
mesmo que sem outras comorbidades, sejam tratados como
pertencentes ao grupo de risco.
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