São Paulo, segunda, 21 de julho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONSUMO
Disque-erótico particular deve ser evitado

PRISCILA LAMBERT*
da reportagem Local

Os serviços de disque-erótico em linhas telefônicas particulares podem trazer danos ao consumidor.
Como não há relação contratual com a Telesp, o valor e a forma de pagamento são tratados com o cliente. A falta de um documento que comprove a transação pode gerar cobrança abusiva de preços.
O consumidor deve tomar cuidado com anúncios que não contenham preço. Alguns chegaram a estar disfarçados como serviço de acompanhantes. Quando o usuário liga para marcar um encontro, é informado de que se trata de disque-erótico.
Se não for de seu interesse, o cliente deve desligar imediatamente. Do contrário, os minutos começam a ser registrados.
Segundo Selma do Amaral, supervisora da área de serviços do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), essas ligações devem ser evitadas.
"É complicado controlar a cobrança de um trabalho informal, sem contrato algum."
O técnico em edificações L.F.L., 26, diz ter sido vítima de um golpe. Ele afirma ter ligado para marcar encontro com uma pessoa e, quando descobriu ser disque-erótico, desligou. O contato, diz ele, durou 30 segundos.
L. conta que, em seguida, recebeu o telefonema de uma funcionária do disque-erótico, que passou o número de uma conta bancária e cobrança no valor de R$ 76 (referentes à ligação e a uma multa, por ele ter desligado durante a conversa e ela ter de ligar de volta).
Ele afirma que, ao negar o pagamento, a funcionária teria ameaçado mandar uma gravação (que não tinha teor erótico) para seu trabalho. "Achei absurdo e não paguei. Ela ligou de novo e parou."
O estudante L.T. diz ter passado pela mesma situação. O valor cobrado por cerca de 30 segundos de conversa foi de R$ 38,10. "Resolvi pagar para não ter problemas."
O caso de Altevir José Moreira, 43, é semelhante. Ele fez queixa no Procon depois que seu filho ligou para um disque-amizade particular. O anúncio não tinha preço. Após a conversa, que durou três minutos, ligaram para sua casa cobrando R$ 26,33. O filho, diz Moreira, com medo das ameaças, resolveu pagar.
A reportagem da Folha constatou irregularidade ao acompanhar a ligação de um suposto cliente a um disque-erótico com linha telefônica particular.
No primeiro contato, que durou 2 minutos e 48 segundos, uma funcionária informou que se tratava de disque-erótico, com valor de R$ 2,95 por minuto. A conversa se restringiu a valor e forma de pagamento.
Algumas horas depois, uma funcionária do mesmo disque-erótico ligou ao cliente, informando que ele deveria pagar R$ 32,30. Segundo ela, o valor do minuto não era R$ 2,95, mas R$ 12,95. O restante seria referente a uma multa por ela estar ligando de volta.
Ela disse que tinha rastreador de chamada e que a voz do cliente estava gravada. Ela só seria apagada quando ele fizesse o pagamento. Se ele não pagasse, diz a funcionária, o departamento jurídico de sua empresa iria entrar em contato com o dono da linha telefônica.
Os donos desses disque-eróticos foram localizados. Eles negam qualquer irregularidade.


*Colaborou Fabiano Accorsi,
repórter fotográfico



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.