|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSUMO
Disque-erótico particular deve ser evitado
PRISCILA LAMBERT*
da reportagem Local
Os serviços de disque-erótico em
linhas telefônicas particulares podem trazer danos ao consumidor.
Como não há relação contratual
com a Telesp, o valor e a forma de
pagamento são tratados com o
cliente. A falta de um documento
que comprove a transação pode
gerar cobrança abusiva de preços.
O consumidor deve tomar cuidado com anúncios que não contenham preço. Alguns chegaram a
estar disfarçados como serviço de
acompanhantes. Quando o usuário liga para marcar um encontro,
é informado de que se trata de disque-erótico.
Se não for de seu interesse, o
cliente deve desligar imediatamente. Do contrário, os minutos
começam a ser registrados.
Segundo Selma do Amaral, supervisora da área de serviços do
Procon (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor), essas ligações devem ser evitadas.
"É complicado controlar a cobrança de um trabalho informal,
sem contrato algum."
O técnico em edificações L.F.L.,
26, diz ter sido vítima de um golpe.
Ele afirma ter ligado para marcar
encontro com uma pessoa e,
quando descobriu ser disque-erótico, desligou. O contato, diz ele,
durou 30 segundos.
L. conta que, em seguida, recebeu o telefonema de uma funcionária do disque-erótico, que passou o número de uma conta bancária e cobrança no valor de R$ 76
(referentes à ligação e a uma multa, por ele ter desligado durante a
conversa e ela ter de ligar de volta).
Ele afirma que, ao negar o pagamento, a funcionária teria ameaçado mandar uma gravação (que
não tinha teor erótico) para seu
trabalho. "Achei absurdo e não
paguei. Ela ligou de novo e parou."
O estudante L.T. diz ter passado
pela mesma situação. O valor cobrado por cerca de 30 segundos de
conversa foi de R$ 38,10. "Resolvi
pagar para não ter problemas."
O caso de Altevir José Moreira,
43, é semelhante. Ele fez queixa no
Procon depois que seu filho ligou
para um disque-amizade particular. O anúncio não tinha preço.
Após a conversa, que durou três
minutos, ligaram para sua casa cobrando R$ 26,33. O filho, diz Moreira, com medo das ameaças, resolveu pagar.
A reportagem da Folha constatou irregularidade ao acompanhar
a ligação de um suposto cliente a
um disque-erótico com linha telefônica particular.
No primeiro contato, que durou
2 minutos e 48 segundos, uma funcionária informou que se tratava
de disque-erótico, com valor de R$
2,95 por minuto. A conversa se
restringiu a valor e forma de pagamento.
Algumas horas depois, uma funcionária do mesmo disque-erótico
ligou ao cliente, informando que
ele deveria pagar R$ 32,30. Segundo ela, o valor do minuto não era
R$ 2,95, mas R$ 12,95. O restante
seria referente a uma multa por ela
estar ligando de volta.
Ela disse que tinha rastreador de
chamada e que a voz do cliente estava gravada. Ela só seria apagada
quando ele fizesse o pagamento. Se
ele não pagasse, diz a funcionária,
o departamento jurídico de sua
empresa iria entrar em contato
com o dono da linha telefônica.
Os donos desses disque-eróticos
foram localizados. Eles negam
qualquer irregularidade.
*Colaborou Fabiano Accorsi,
repórter fotográfico
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|