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Filhas rejeitam tradição de fazer partos
do enviado especial
As parteiras das regiões Norte e
Nordeste estão elegendo uma de
suas filhas ou netas para tentar
preservar suas práticas e tradições.
As meninas, que antes seguiam
suas mães e avós, não estão mais
interessadas em fazer os partos,
"porque não recebem nada".
Segundo as parteiras, a profissão
pode desaparecer se não forem encontradas formas de incentivar
novas aprendizes.
A solução adotada por algumas
parteiras é eleger uma menina da
família e tentar motivá-la desde
cedo. No vilarejo de Congós, município de Macapá, a parteira Judite Maciel, 85, está ensinando a bisneta Stefany, de 9 anos. Judite faz
partos desde os 20. A mãe e a avó
também foram parteiras, mas ninguém se interessou em segui-la,
entre as mais de 20 filhas e netas.
Na periferia de Caruaru (PE), a
parteira Maria José Galdino da Silva, 40, está ensinando sua filha
adotiva Juliana Dorivania, 9.
Os segredos que Maria José
aprendeu da mãe e da avó estão
menos nos procedimentos e mais
na maneira de tranquilizar a mulher na hora do parto, diz. É isso
que está ensinando para a filha.
"Peço a elas que tenham calma.
Digo que logo ela vai ver uma
criança linda e que esquecerá até
que sentiu dor. Se tiver calma, eu
digo, vai doer menos e a criança
vai nascer. Se não tiver, a criança
vai nascer assim mesmo."
(AB)
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