São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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Filhas rejeitam tradição de fazer partos

do enviado especial

As parteiras das regiões Norte e Nordeste estão elegendo uma de suas filhas ou netas para tentar preservar suas práticas e tradições.
As meninas, que antes seguiam suas mães e avós, não estão mais interessadas em fazer os partos, "porque não recebem nada".
Segundo as parteiras, a profissão pode desaparecer se não forem encontradas formas de incentivar novas aprendizes.
A solução adotada por algumas parteiras é eleger uma menina da família e tentar motivá-la desde cedo. No vilarejo de Congós, município de Macapá, a parteira Judite Maciel, 85, está ensinando a bisneta Stefany, de 9 anos. Judite faz partos desde os 20. A mãe e a avó também foram parteiras, mas ninguém se interessou em segui-la, entre as mais de 20 filhas e netas.
Na periferia de Caruaru (PE), a parteira Maria José Galdino da Silva, 40, está ensinando sua filha adotiva Juliana Dorivania, 9.
Os segredos que Maria José aprendeu da mãe e da avó estão menos nos procedimentos e mais na maneira de tranquilizar a mulher na hora do parto, diz. É isso que está ensinando para a filha.
"Peço a elas que tenham calma. Digo que logo ela vai ver uma criança linda e que esquecerá até que sentiu dor. Se tiver calma, eu digo, vai doer menos e a criança vai nascer. Se não tiver, a criança vai nascer assim mesmo." (AB)


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