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Transporte coletivo está perto do colapso
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
O transporte coletivo de São
Paulo chega ao final do século à
beira do colapso. E a culpa é basicamente da prefeitura e das empresas.
A prefeitura não paga a dívida
que tem com as empresas (cerca
de R$ 130 milhões, segundo a prefeitura, mais de R$ 160 milhões,
segundo os empresários) nem investe na melhoria do transporte
coletivo.
O Fura-fila, por exemplo, que
era uma promessa de campanha
do então candidato Celso Pitta,
ainda não está em funcionamento
e seus prazos são constantemente
adiados.
Além disso, São Paulo tem hoje
só 49,2 quilômetros de metrô,
quase seis vezes menos do que
uma metrópole com quase 10 milhões de habitantes deveria ter para poder viabilizar a circulação
das pessoas.
Os problemas no sistema de
transporte na cidade também são
resultado de administradores que
optaram por investir no transporte individual.
Paulo Maluf, por exemplo, preferiu construir avenidas e túneis
em vez de corredores de ônibus.
Com isso, houve incentivo ao uso
de carros e o aumento dos congestionamentos. Hoje, a cidade
enfrenta até 70 quilômetros de
congestionamento no período da
manhã e 120 quilômetros à tarde.
Quem utiliza ônibus enfrenta
também os efeitos da lentidão.
Eles operam com velocidade na
marca dos 15 quilômetros por hora no horário de pico.
Em média, os paulistanos passam uma hora e meia por dia andando de ônibus. Sem contar a espera nos pontos, que nos horários
de pico chega a 40 minutos. A espera máxima deveria ser de 25
minutos.
Com esses números, o sistema
de ônibus de São Paulo atingiu, na
gestão do prefeito Celso Pitta, a
sua pior avaliação desde o início
da década.
Massa de manobra
Já os empresários não conseguiram enfrentar a concorrência
dos perueiros e acabaram perdendo passageiros e tendo seus
lucros reduzidos. Desde 95, o número de pessoas transportadas
por ônibus na cidade caiu 40%.
Em razão disso, as empresas pressionam a prefeitura por mais subsídio.
Do outro lado, os motoristas e
cobradores aceitam o papel de
"massa de manobra" na luta de
empresários e prefeitura pelo pagamento de subsídios ao sistema.
Todos os técnicos concordam
que a situação exige uma ação
imediata.
Se o problema do sistema de
transporte não for equalizado, a
conta será paga por todos os contribuintes, independentemente
da condição de usuário de ônibus
ou de proprietário de um carro.
Com a quebra do sistema oficial
de ônibus, o passageiro vai ficar
sem transporte. As ruas vão ficar
mais cheias de lotações clandestinas e os donos de carro vão perder mais tempo ainda nos congestionamentos.
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