São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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PM ocupa o morro do Salgueiro

DA SUCURSAL DO RIO

A PM (Polícia Militar) ocupou ontem de manhã o morro do Salgueiro (Tijuca, zona norte do Rio) após a ordem imposta por traficantes da favela a comerciantes da praça Saens Peña. Anteontem, os lojistas foram obrigados a fechar as lojas em sinal de luto pela morte de Ricardo Dias Lopes, o Máscara, ocorrida domingo.
De acordo com a polícia, Máscara era o gerente do tráfico de drogas na favela. Cerca de 50 policiais militares de três batalhões participam da ocupação, que, segundo a Polícia Militar, será por tempo indeterminado.
O policiamento também foi reforçado na área da praça Saens Peña. Com isso, as cerca de cem lojas que fecharam anteontem puderam funcionar normalmente ontem. A praça é o principal centro comercial do bairro.
Apesar do reforço policial, comerciantes ouvidos pela Folha disseram ainda ter medo de represálias dos traficantes. Anteontem, a confusão começou por volta do meio-dia. Um grupo de 20 pessoas, a maioria mulheres, desceu o morro com paus e pedras e ameaçou os comerciantes.
Proprietária da loja Fábrica do Óculos, a comerciante Denise Tavares afirmou que fechará o estabelecimento caso receba novas ameaças. Ela disse estar assustada com a violência na Tijuca.
A presidente da Associação Comercial da Tijuca, Maria do Céu, disse que o faturamento do comércio no bairro caiu aproximadamente 70% anteontem, por causa da ação do tráfico. Ela não quis falar em cifras.
O administrador regional da Tijuca, Carlos Nogueira, calcula que o prejuízo tenha chegado a R$ 1 milhão com o fechamento das lojas anteontem.

Tensão
A ocupação policial no Salgueiro deixou o clima tenso na favela. Pela manhã, era pequeno o movimento de pessoas no principal acesso ao morro, costumeiramente bastante agitado.
O comandante do 6º Batalhão, tenente-coronel Murilo Lyra, afirmou que não existem motivos para apreensão por parte de comerciantes e moradores da região da Grande Tijuca.
"A situação está tranquila. O policiamento está reforçado, mas não posso obrigar um comerciante a abrir sua loja caso ele decida fechá-la. O medo é próprio do ser humano", afirmou Lyra, que, anteontem, fracassou na tentativa de fazer com que os lojistas voltassem a trabalhar após a chegada da polícia à praça.
Ontem, o comandante voltou a pedir a ajuda da população do bairro. "As pessoas têm que colaborar com a polícia. Se não houver denúncia, não há vítima e eu não posso prender ninguém", declarou ele.


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