São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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"Homens de Preto" antecipou buscas por satélite

SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL

No filme "Homens de Preto", o personagem interpretado por Tommy Lee Jones usava um mecanismo avançadíssimo, a que apenas os homens de preto da ultra-secreta (e fictícia) agência americana tinham acesso, para localizar o endereço de sua ex-mulher e, com ajuda de um satélite, se aproximar, se aproximar, se aproximar, até vê-la ao vivo, regando flores no jardim de casa.
O filme de Barry Sonnenfeld é de 1997. Imagine o número de "geeks" ("nerds", em português) que assistiram à cena e pensaram: "E por que não?"
Menos de oito anos depois, Sergey Brin e Larry Page, os dois übergeeks de Mountain View, na Califórnia, tornam a ficção realidade. Ou quase. Com um download e alguns cliques no Google Earth você não vê sua ex-mulher regando plantas, mas pode enxergar o teto da casa dela, a rua em que ela mora e mesmo traçar o percurso de carro que faz seu cheque de pensão até a conta dela.
Eu tenho o recurso em meu laptop desde que visitei a sede do Google no semestre passado e seu laboratório anunciou a novidade. É impressionante. Digite, por exemplo, "Church Street at Barclay Street", a esquina onde se encontrava uma das faces de uma das torres do World Trade Center, em Nova York, e onde eu me encontrava naquela manhã terrível de 11 de setembro de 2001.
Em vez dos escombros, você verá um carrinho vermelho mostrando que chegou ao local. Aproxime-se um pouco mais usando o recurso do "zoom" e deixe a imagem em plano horizontal usando o recurso "tilt down". Verá que parte da parede ainda está lá, esperando a decisão política que nem a prefeitura nem a população de Nova York tomou sobre o que fazer com o local.
Mas rumemos a lugares mais alegres. Digite "Central Park", e pronto. Eis o reservatório onde os esportistas correm, o lago do parque central de Manhattan, a ala dos museus ao longo da Quinta Avenida, com o inconfundível retângulo do Metropolitan e as ruas que abrigam alguns dos prédios mais caros do mundo.
Agora é hora de clicar no recurso "fly to" (voe para). Onde? "Sao Paulo, Brazil". Em dez segundos você faz uma viagem que dura nove horas. E cai num lugar em que se destacam as vizinhas "Atalaia" e "Capela". Erro feio. O Google Earth conduziu o incauto viajante à cidade homônima da capital paulista no interior de Alagoas.
Falha grave. Digite "Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil". Mesmo resultado. O negócio é colocar "Brazil" e encontrar a "cidade na mão".


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