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SAÚDE/UROLOGIA
Reposição hormonal reduz sintomas da doença, erroneamente chamada de andropausa
Queda rápida da testosterona atinge até 20% dos homens
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Há cinco anos, o bancário aposentado Dair Trivelato, 59, percebeu que estava sentindo cansaço
em excesso, desânimo e falta de
desejo sexual. Comentou os sintomas com o seu urologista de confiança durante uma visita de rotina. Após fazer um exame de sangue, constatou que os níveis de
testosterona -principal hormônio masculino- estavam muito
abaixo do normal para um homem da sua idade.
Os sintomas clínicos associados
ao exame biológico chegaram a
um diagnóstico claro: Trivelato
tem Daem (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino), déficit hormonal acentuado e
equivocadamente chamado de
andropausa, em uma comparação com a menopausa.
O especialista Aguinaldo César
Nardi, presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia em São
Paulo, explica que os níveis de testosterona no homem diminuem
naturalmente cerca de 1% ao ano
a partir dos 40 anos. "Isso é da natureza masculina. A doença acontece quando há uma anormalidade na queda do hormônio."
Apesar de a Daem ser considerada uma doença desde 2002 pela
Associação Internacional de Envelhecimento Masculino, especialistas afirmam que ela ainda é desconhecida pela maioria dos homens, que, por conta disso, acreditam que estão na andropausa.
"Utilizam a palavra andropausa
em uma situação que não existe e
que não é biologicamente correta.
Ao contrário da mulher, que tem
uma interrupção abrupta de hormônios, no homem isso acontece
de forma muito lenta", diz Geraldo Faria, diretor do Departamento de Andrologia da SBU.
Os médicos estimam que de
15% a 20% dos homens desenvolvem a doença e precisarão fazer
reposição hormonal. Os demais
terão a diminuição natural da testosterona como parte do envelhecimento masculino.
Os níveis de testosterona no
sangue variam de homem para
homem. Mas, segundo o urologista Sidney Glina, presidente
eleito da SBU, um homem com
mais de 50 anos deve apresentar
de 280 ng/dl a 800 ng/dl de testosterona no sangue. Casos de Daem
são confirmados quando os níveis
estão abaixo desse patamar.
As principais conseqüências da
Daem, segundo Glina, são perda
do desejo sexual, osteoporose e
dificuldades de ereção -a testosterona tem papel fundamental no
processo sexual e nos ossos.
O tratamento é feito por meio
da reposição hormonal, acompanhada de perto pelo urologista.
No Brasil, os métodos disponíveis
são injeções, adesivos, comprimidos e um gel manipulado. Os três
últimos são os menos indicados.
Há contra-indicação absoluta para homens que têm câncer de
próstata ou de mama.
O urologista Eric Roger Wroclawski, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, faz um alerta:
"Aplicar testosterona em homens
que não têm a doença pode aumentar as taxas de colesterol,
acentuar a apnéia do sono e acelerar o desenvolvimento de um
câncer de próstata ainda não
diagnosticado".
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