São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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SAÚDE/UROLOGIA

Reposição hormonal reduz sintomas da doença, erroneamente chamada de andropausa

Queda rápida da testosterona atinge até 20% dos homens

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há cinco anos, o bancário aposentado Dair Trivelato, 59, percebeu que estava sentindo cansaço em excesso, desânimo e falta de desejo sexual. Comentou os sintomas com o seu urologista de confiança durante uma visita de rotina. Após fazer um exame de sangue, constatou que os níveis de testosterona -principal hormônio masculino- estavam muito abaixo do normal para um homem da sua idade.
Os sintomas clínicos associados ao exame biológico chegaram a um diagnóstico claro: Trivelato tem Daem (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino), déficit hormonal acentuado e equivocadamente chamado de andropausa, em uma comparação com a menopausa.
O especialista Aguinaldo César Nardi, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia em São Paulo, explica que os níveis de testosterona no homem diminuem naturalmente cerca de 1% ao ano a partir dos 40 anos. "Isso é da natureza masculina. A doença acontece quando há uma anormalidade na queda do hormônio."
Apesar de a Daem ser considerada uma doença desde 2002 pela Associação Internacional de Envelhecimento Masculino, especialistas afirmam que ela ainda é desconhecida pela maioria dos homens, que, por conta disso, acreditam que estão na andropausa.
"Utilizam a palavra andropausa em uma situação que não existe e que não é biologicamente correta. Ao contrário da mulher, que tem uma interrupção abrupta de hormônios, no homem isso acontece de forma muito lenta", diz Geraldo Faria, diretor do Departamento de Andrologia da SBU.
Os médicos estimam que de 15% a 20% dos homens desenvolvem a doença e precisarão fazer reposição hormonal. Os demais terão a diminuição natural da testosterona como parte do envelhecimento masculino.
Os níveis de testosterona no sangue variam de homem para homem. Mas, segundo o urologista Sidney Glina, presidente eleito da SBU, um homem com mais de 50 anos deve apresentar de 280 ng/dl a 800 ng/dl de testosterona no sangue. Casos de Daem são confirmados quando os níveis estão abaixo desse patamar.
As principais conseqüências da Daem, segundo Glina, são perda do desejo sexual, osteoporose e dificuldades de ereção -a testosterona tem papel fundamental no processo sexual e nos ossos.
O tratamento é feito por meio da reposição hormonal, acompanhada de perto pelo urologista. No Brasil, os métodos disponíveis são injeções, adesivos, comprimidos e um gel manipulado. Os três últimos são os menos indicados. Há contra-indicação absoluta para homens que têm câncer de próstata ou de mama.
O urologista Eric Roger Wroclawski, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, faz um alerta: "Aplicar testosterona em homens que não têm a doença pode aumentar as taxas de colesterol, acentuar a apnéia do sono e acelerar o desenvolvimento de um câncer de próstata ainda não diagnosticado".


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