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Da janela de seu gabinete, prefeito se depara com enormes anúncios
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Da janela de seu gabinete no
quinto andar do histórico Edifício Matarazzo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) tem uma
visão privilegiada de parte da
arquitetura do centro de São
Paulo: o viaduto do Chá, o Teatro Municipal. Enxerga também, no entanto, uma propaganda do banco Itaú que extrapola o tamanho definido pela
lei Cidade Limpa.
Ao desembarcar no heliponto da prefeitura -Kassab sempre vai trabalhar de helicóptero-, o prefeito também enxerga, vizinha ao seu gabinete,
uma publicidade do Unibanco.
A propaganda do Itaú fica no
topo de um prédio na esquina
das ruas Barão de Itapetininga
e Conselheiro Crispiniano. A
do Unibanco, no topo de um
prédio na praça do Patriarca. O
pedestre, ao olhar para cima,
tem a impressão de que os dois
anúncios marcam os extremos
do viaduto do Chá.
O deputado estadual Campos
Machado (PTB), apoiador da
gestão Kassab, também mantém publicidade vedada pelo
Cidade Limpa: em frente ao seu
escritório político, na avenida
Nove de Julho, há um enorme
painel luminoso com a foto do
deputado.
Os três casos são símbolos de
problemas na aplicação da lei. A
maioria dos comerciantes, de
áreas nobres ou da periferia, já
se adequou às regras. Algumas
empresas de publicidade exterior já tiveram que fechar as
portas e funcionários acabaram
perdendo seus empregos.
Enquanto isso, existem casos
de políticos e bancos que buscam recursos judiciais ou brechas que há na lei para manter
suas propagandas o máximo de
tempo possível.
A prefeitura afirmou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que não pode fazer nada nos três casos.
Ilegais
A situação dos dois anúncios
de bancos vizinhos ao gabinete
de Kassab é idêntica: são ilegais, segundo a prefeitura. Porém, os advogados das instituições entraram com recursos na
CPPU (Comissão de Proteção
de Paisagem Urbana) e aguardam resposta.
A CPPU define o que se enquadra e o que não se enquadra
na lei. Nos dois casos, os bancos
querem que seus anúncios sejam considerados parte da paisagem urbana, dispositivo na
lei que vale, por exemplo, para a
torre do Banespa, no centro, e
para o relógio -também do
Itaú- do Conjunto Nacional,
na avenida Paulista.
A lei Cidade Limpa já previa
que a CPPU teria de analisar esses casos, mas a comissão não
se reuniu para tratar do tema
nenhuma vez.
Em relação ao anúncio do deputado, a prefeitura afirma que
o político conseguiu uma liminar. A assessoria de Campos
Machado afirmou que ele "entende que toda pessoa que tenha uma ação correndo na Justiça deve ir até o fim".
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