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Homem faz refém por quase 2 h em hospital
Funcionário foi rendido ao chegar ao trabalho, na região central de São Paulo, e foi mantido com uma faca no pescoço
Atentado seria um protesto contra supostos maus-tratos sofridos pela mãe do agressor, que morreu no local; o hospital nega
HERMANO FREITAS
DO "AGORA"
Armado com uma faca de cozinha, o autônomo Marcelino
do Amparo de Carvalho, 47,
manteve rendido por cerca de
duas horas o auxiliar de enfermagem Luciano Martins, 27,
no Hospital Santa Catarina, região central de São Paulo.
A vítima teve um ferimento
superficial no pescoço e passa
bem, mas ontem ficou sedada e
não foi à delegacia depor. Segundo policiais, durante as negociações, Carvalho aparentou
ter transtorno emocional e pediu a presença de repórteres.
Segundo o acusado, o atentado seria um protesto contra supostos maus-tratos que a mãe
dele, Maria Thereza Valentim,
vítima de câncer no pulmão, teria sofrido enquanto esteve internada para tratamento com
quimioterapia por seis meses,
no hospital Santa Catarina.
Ela morreu no dia 10 de agosto no Hospital Nove de Julho,
também em São Paulo. O hospital Santa Catarina divulgou
uma nota em que afirma que
Carvalho teve a oportunidade
de relatar suas insatisfações ao
hospital, ocasião em que foi
constatado que as reclamações
eram improcedentes.
Marcelino Carvalho foi detido e responderá a processo por
cárcere privado. A pena é de até
quatro anos. Ele é réu primário,
mas, segundo o delegado que
registrou o caso, está preso porque o crime é inafiançável.
Até o final da tarde de ontem,
a advogada de defesa Debora
Neri tentava a transferência da
custódia a uma instituição hospitalar, com a justificativa de
que foi diagnosticado no acusado, há dois anos, um tumor cerebral e que ele estaria sem tomar medicação há dois dias.
O abalo emocional com a
morte da mãe e a falta de remédios seriam a causa da alteração
de humor que gerou o ato. "Ele
não tem nem consciência do
que fez, se for para o CDP (Centro de Detenção Provisória),
não vai agüentar e vai cometer
suicídio", diz Neri. Ele não quis
falar com a reportagem.
O funcionário do hospital foi
rendido quando chegava para
trabalhar, às 12h50, e foi mantido refém com uma faca no pescoço até as 14h20.
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