São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Homem faz refém por quase 2 h em hospital

Funcionário foi rendido ao chegar ao trabalho, na região central de São Paulo, e foi mantido com uma faca no pescoço

Atentado seria um protesto contra supostos maus-tratos sofridos pela mãe do agressor, que morreu no local; o hospital nega

HERMANO FREITAS
DO "AGORA"

Armado com uma faca de cozinha, o autônomo Marcelino do Amparo de Carvalho, 47, manteve rendido por cerca de duas horas o auxiliar de enfermagem Luciano Martins, 27, no Hospital Santa Catarina, região central de São Paulo.
A vítima teve um ferimento superficial no pescoço e passa bem, mas ontem ficou sedada e não foi à delegacia depor. Segundo policiais, durante as negociações, Carvalho aparentou ter transtorno emocional e pediu a presença de repórteres.
Segundo o acusado, o atentado seria um protesto contra supostos maus-tratos que a mãe dele, Maria Thereza Valentim, vítima de câncer no pulmão, teria sofrido enquanto esteve internada para tratamento com quimioterapia por seis meses, no hospital Santa Catarina.
Ela morreu no dia 10 de agosto no Hospital Nove de Julho, também em São Paulo. O hospital Santa Catarina divulgou uma nota em que afirma que Carvalho teve a oportunidade de relatar suas insatisfações ao hospital, ocasião em que foi constatado que as reclamações eram improcedentes.
Marcelino Carvalho foi detido e responderá a processo por cárcere privado. A pena é de até quatro anos. Ele é réu primário, mas, segundo o delegado que registrou o caso, está preso porque o crime é inafiançável.
Até o final da tarde de ontem, a advogada de defesa Debora Neri tentava a transferência da custódia a uma instituição hospitalar, com a justificativa de que foi diagnosticado no acusado, há dois anos, um tumor cerebral e que ele estaria sem tomar medicação há dois dias.
O abalo emocional com a morte da mãe e a falta de remédios seriam a causa da alteração de humor que gerou o ato. "Ele não tem nem consciência do que fez, se for para o CDP (Centro de Detenção Provisória), não vai agüentar e vai cometer suicídio", diz Neri. Ele não quis falar com a reportagem.
O funcionário do hospital foi rendido quando chegava para trabalhar, às 12h50, e foi mantido refém com uma faca no pescoço até as 14h20.


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