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LEGISLATIVO
Vereadores de vários partidos avaliaram que ex-jogador não foi incisivo em sua defesa em relação a suposto desvio
Ademir nega ter se apropriado de salários
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro dias depois de ser acusado de desviar uma parte dos salários dos funcionários de seu gabinete, o vereador paulistano Ademir da Guia (sem partido) foi ontem ao plenário da Câmara Municipal defender-se.
Em um discurso rápido, de apenas um minuto, disse que jamais
foi "beneficiário de qualquer importância que seja indevida". Mas
não contestou diretamente a acusação de seus funcionários, de que
teria desviado R$ 15 mil nos meses de julho e agosto deste ano.
Também disse que precisa ter
uma "visão completa da situação"
antes de tomar as providências
necessárias e que num momento
oportuno examinará "o que está
ocorrendo em relação às denúncias feitas por funcionários de
meu gabinete".
Um dos maiores craques que já
surgiram no futebol brasileiro e
ídolo do Palmeiras na década de
60, Ademir, vestindo um sóbrio
terno cinza, estava tenso e cabisbaixo. A fala, quase inaudível. No
período em que ficou sentado no
plenário da Câmara, recebeu
cumprimentos e tapinhas nas
costas de alguns colegas.
A assessoria de Ademir havia
previsto uma entrevista coletiva
dele no início da tarde de ontem,
na qual ele daria sua versão sobre
a acusação. O encontro foi cancelado de última hora.
O discurso no plenário da Câmara foi a primeira manifestação
do vereador sobre o caso e deixou
muitas questões não respondidas.
Há suspeitas, por exemplo, de
que alguns dos funcionários que
assinam a denúncia sejam ligados
ao PC do B, partido do qual Ademir se desligou anteontem. E que
a sigla teria interesse na queda dele, para que a primeira suplente,
Nádia Campeão, que foi secretária de Esportes na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), assuma a vaga. O partido nega essa hipótese. Se for comprovado que
Ademir desviou salário dos servidores, ele pode ser punido com a
cassação de seu mandato.
Vereadores de vários partidos
avaliaram que ele não foi incisivo
ao negar benefícios com o suposto desvio de salários.
"Foi frustrante [o discurso]. Se
ele é inocente, e pode até ser, deveria ter negado veementemente
a acusação desde o início. Faltaram dados e convicção", diz o vereador Juscelino Gadelha, líder do
PSDB na Câmara.
Já o petista Antônio Donato,
que diz acreditar na inocência de
Ademir, diz que aguardará novas
manifestações dele. "Ele poderia
ter sido mais detalhista em seu
discurso. Imagino que está organizando sua defesa."
Segundo a nova chefe de gabinete de Ademir, Terezinha Neves,
"ele está triste, surpreso e tentando entender essa acusação".
Ademir não teve acesso formal à
acusação, que será discutida nos
próximos dias entre os sete membros da corregedoria, segundo o
coordenador do órgão, o vereador Wadih Mutran (PP).
Currículo
Eleito para seu primeiro mandato como vereador, Ademir da
Guia não se notabilizou como um
parlamentar atuante nesses primeiros oito meses de atividade.
Só um de seus projetos de lei foi
sancionado pelo prefeito José Serra (PSDB): o que dá nome a uma
praça na Bela Vista, na região central. Outro projeto, o que institui
os jogos interfavelas na cidade,
apresentado em parceria com o
vereador José Rogério Farhat
(PTB), foi para sanção de Serra.
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