São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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LEGISLATIVO

Vereadores de vários partidos avaliaram que ex-jogador não foi incisivo em sua defesa em relação a suposto desvio

Ademir nega ter se apropriado de salários

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro dias depois de ser acusado de desviar uma parte dos salários dos funcionários de seu gabinete, o vereador paulistano Ademir da Guia (sem partido) foi ontem ao plenário da Câmara Municipal defender-se.
Em um discurso rápido, de apenas um minuto, disse que jamais foi "beneficiário de qualquer importância que seja indevida". Mas não contestou diretamente a acusação de seus funcionários, de que teria desviado R$ 15 mil nos meses de julho e agosto deste ano.
Também disse que precisa ter uma "visão completa da situação" antes de tomar as providências necessárias e que num momento oportuno examinará "o que está ocorrendo em relação às denúncias feitas por funcionários de meu gabinete".
Um dos maiores craques que já surgiram no futebol brasileiro e ídolo do Palmeiras na década de 60, Ademir, vestindo um sóbrio terno cinza, estava tenso e cabisbaixo. A fala, quase inaudível. No período em que ficou sentado no plenário da Câmara, recebeu cumprimentos e tapinhas nas costas de alguns colegas.
A assessoria de Ademir havia previsto uma entrevista coletiva dele no início da tarde de ontem, na qual ele daria sua versão sobre a acusação. O encontro foi cancelado de última hora.
O discurso no plenário da Câmara foi a primeira manifestação do vereador sobre o caso e deixou muitas questões não respondidas.
Há suspeitas, por exemplo, de que alguns dos funcionários que assinam a denúncia sejam ligados ao PC do B, partido do qual Ademir se desligou anteontem. E que a sigla teria interesse na queda dele, para que a primeira suplente, Nádia Campeão, que foi secretária de Esportes na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), assuma a vaga. O partido nega essa hipótese. Se for comprovado que Ademir desviou salário dos servidores, ele pode ser punido com a cassação de seu mandato.
Vereadores de vários partidos avaliaram que ele não foi incisivo ao negar benefícios com o suposto desvio de salários.
"Foi frustrante [o discurso]. Se ele é inocente, e pode até ser, deveria ter negado veementemente a acusação desde o início. Faltaram dados e convicção", diz o vereador Juscelino Gadelha, líder do PSDB na Câmara.
Já o petista Antônio Donato, que diz acreditar na inocência de Ademir, diz que aguardará novas manifestações dele. "Ele poderia ter sido mais detalhista em seu discurso. Imagino que está organizando sua defesa."
Segundo a nova chefe de gabinete de Ademir, Terezinha Neves, "ele está triste, surpreso e tentando entender essa acusação".
Ademir não teve acesso formal à acusação, que será discutida nos próximos dias entre os sete membros da corregedoria, segundo o coordenador do órgão, o vereador Wadih Mutran (PP).

Currículo
Eleito para seu primeiro mandato como vereador, Ademir da Guia não se notabilizou como um parlamentar atuante nesses primeiros oito meses de atividade.
Só um de seus projetos de lei foi sancionado pelo prefeito José Serra (PSDB): o que dá nome a uma praça na Bela Vista, na região central. Outro projeto, o que institui os jogos interfavelas na cidade, apresentado em parceria com o vereador José Rogério Farhat (PTB), foi para sanção de Serra.


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