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Violência tira 3 anos de vida do paulista
Estudo da Fundação Seade mostra que expectativa de vida do homem em São Paulo poderia ser bem maior
ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)
Apesar da redução do número de homicídios no Estado de
1999 a 2004, a violência ainda
rouba do homem paulista quase três anos de sua expectativa
de vida. Se ele viver na região
metropolitana de São Paulo ou
nas regiões administrativas de
Registro ou Santos, essa perda
chega a ser maior do que três
anos. Se for habitante das regiões de São José do Rio Preto,
Central ou Presidente Prudente, a diferença passa a ser de
pouco mais de dois anos.
Esses dados são de um estudo da Fundação Seade apresentado ontem no 15º Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, que acontece em Caxambu (MG). A comparação
com anos anteriores mostra
que, principalmente por causa
da queda dos homicídios, essa
perda já foi maior, já que em
1999 ela era de 3,63 anos e, em
2004, ficou em 2,85.
As regiões que no período
apresentaram melhora foram
aquelas onde a situação era
mais grave: Santos, a região metropolitana de São Paulo, e Ribeirão Preto. O estudo indica,
no entanto, que em algumas cidades, como Araçatuba, Barretos e Franca, os anos roubados
pela violência, em vez de diminuir, aumentaram.
Cálculo
Para chegar à conclusão de
quantos anos a violência tira do
paulista, os pesquisadores Antonio Camargo, Elizabeth Fuzisaki e Deise Oushiro calcularam, para o Estado e para as 15
grandes regiões administrativas, como seria a expectativa de
vida ao nascer se não houvesse
a mortalidade por causas externas, ou seja, homicídios, acidentes de trânsito e outras
mortes não-naturais.
Apesar da queda expressiva,
Camargo explica que a perda de
quase três anos na expectativa
continua sendo significativa.
"No patamar de esperança de
vida em que o Brasil está, um
aumento de quase três anos na
expectativa é algo que demora
muito tempo a acontecer."
A partir do trabalho é possível medir também que tipo de
morte violenta está tirando
mais anos da expectativa de vida: os homicídios ou as demais
causas externas (principalmente acidentes de trânsito).
Em 1999, o número de homicídios no Estado chegou ao seu
patamar histórico -respondiam por 50,4% das perdas por
causa de mortes não-naturais.
Em 2004, o índice passou a
43,5% -sendo superado pelo
de acidentes de trânsito.
Essa situação varia conforme
a região. Na Grande SP, o principal vilão continua sendo os
homicídios (54%). Em Barretos
e São José do Rio Preto, essa
parcela é inferior a 20%, o que
indica que o trânsito mata mais
que os homicídios.
A redução dos homicídios em
São Paulo vem acontecendo
desde 1999, ano em que houve o
pico de mortes, o que levou o
Estado a ter uma taxa de homicídios de 43,2 por 100 mil habitantes. De lá para cá, vem havendo uma queda contínua.
Em 2005, essa taxa foi de 21,7.
Outro ponto que ele destacou
foi que, em todo o Brasil, essa
queda nos homicídios só começa a acontecer em 2003, e ainda
não é possível detectar uma
tendência clara. No caso de São
Paulo, porém, vem desde 1999 e
é contínua, ainda que se mantenha em patamar muito alto.
Ao separar algumas regiões
para comparação, os pesquisadores perceberam também que
as quedas mais expressivas nas
taxas de 1999 a 2005 aconteceram em Diadema (redução de
66% na taxa) e na Baixada Santista (redução de 70%).
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