São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Violência tira 3 anos de vida do paulista

Estudo da Fundação Seade mostra que expectativa de vida do homem em São Paulo poderia ser bem maior

ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

Apesar da redução do número de homicídios no Estado de 1999 a 2004, a violência ainda rouba do homem paulista quase três anos de sua expectativa de vida. Se ele viver na região metropolitana de São Paulo ou nas regiões administrativas de Registro ou Santos, essa perda chega a ser maior do que três anos. Se for habitante das regiões de São José do Rio Preto, Central ou Presidente Prudente, a diferença passa a ser de pouco mais de dois anos.
Esses dados são de um estudo da Fundação Seade apresentado ontem no 15º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, que acontece em Caxambu (MG). A comparação com anos anteriores mostra que, principalmente por causa da queda dos homicídios, essa perda já foi maior, já que em 1999 ela era de 3,63 anos e, em 2004, ficou em 2,85.
As regiões que no período apresentaram melhora foram aquelas onde a situação era mais grave: Santos, a região metropolitana de São Paulo, e Ribeirão Preto. O estudo indica, no entanto, que em algumas cidades, como Araçatuba, Barretos e Franca, os anos roubados pela violência, em vez de diminuir, aumentaram.

Cálculo
Para chegar à conclusão de quantos anos a violência tira do paulista, os pesquisadores Antonio Camargo, Elizabeth Fuzisaki e Deise Oushiro calcularam, para o Estado e para as 15 grandes regiões administrativas, como seria a expectativa de vida ao nascer se não houvesse a mortalidade por causas externas, ou seja, homicídios, acidentes de trânsito e outras mortes não-naturais.
Apesar da queda expressiva, Camargo explica que a perda de quase três anos na expectativa continua sendo significativa. "No patamar de esperança de vida em que o Brasil está, um aumento de quase três anos na expectativa é algo que demora muito tempo a acontecer."
A partir do trabalho é possível medir também que tipo de morte violenta está tirando mais anos da expectativa de vida: os homicídios ou as demais causas externas (principalmente acidentes de trânsito).
Em 1999, o número de homicídios no Estado chegou ao seu patamar histórico -respondiam por 50,4% das perdas por causa de mortes não-naturais. Em 2004, o índice passou a 43,5% -sendo superado pelo de acidentes de trânsito.
Essa situação varia conforme a região. Na Grande SP, o principal vilão continua sendo os homicídios (54%). Em Barretos e São José do Rio Preto, essa parcela é inferior a 20%, o que indica que o trânsito mata mais que os homicídios.
A redução dos homicídios em São Paulo vem acontecendo desde 1999, ano em que houve o pico de mortes, o que levou o Estado a ter uma taxa de homicídios de 43,2 por 100 mil habitantes. De lá para cá, vem havendo uma queda contínua. Em 2005, essa taxa foi de 21,7.
Outro ponto que ele destacou foi que, em todo o Brasil, essa queda nos homicídios só começa a acontecer em 2003, e ainda não é possível detectar uma tendência clara. No caso de São Paulo, porém, vem desde 1999 e é contínua, ainda que se mantenha em patamar muito alto.
Ao separar algumas regiões para comparação, os pesquisadores perceberam também que as quedas mais expressivas nas taxas de 1999 a 2005 aconteceram em Diadema (redução de 66% na taxa) e na Baixada Santista (redução de 70%).


Texto Anterior: Para advogado, investigação privilegia Carla
Próximo Texto: Metrô gasta R$ 2,2 mi para mudar nome de estações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.