São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Metrô gasta R$ 2,2 mi para mudar nome de estações

Mudanças foram feitas por determinação do governador Cláudio Lembo (PFL)

Companhia alega que as alterações (três neste ano) confundem os usuários e "penalizam a saúde financeira" da empresa

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô vai gastar R$ 2,250 milhões em 2006 com a simples alteração de nome de três estações em São Paulo, determinadas por decreto do governador Cláudio Lembo (PFL).
O valor corresponde às despesas com a elaboração de novas peças de comunicação visual e sonora, sinalização de plataforma, mapas da cidade e campanhas de divulgação, entre outros. Cada estação tem cerca de 15 mil peças a alterar.
Para efeito de comparação, o total da mudança de nome nas três estações seria suficiente para construir duas escolas municipais, a R$ 1 milhão cada.
As modificações ocorreram nas estações Barra Funda, Tietê e Bresser. Elas passaram a se chamar, respectivamente, Barra Funda-Palmeiras, Portuguesa-Tietê e Bresser-Mooca. Os decretos que determinam a nova denominação foram publicados em abril, maio e julho no "Diário Oficial" do Estado.
Segundo o governador Lembo, a primeira mudança ocorreu a pedido do ex-prefeito José Serra (PSDB), ("palmeirense como eu"), a segunda a pedido da comunidade portuguesa e a última uma reivindicação dos moradores da Mooca em homenagem aos 450 anos do bairro. "Eu só agreguei palavras a nomes já existentes", afirmou.
Foi a maior série de mudanças em nomes de estações desde que o Metrô foi criado, em 1974. Desde então houve apenas outras duas: em 1985, a estação Ponte Pequena virou Armênia e, em 2003, Sumaré foi alterada para Santuário Nossa Senhora de Fátima-Sumaré.
Na Assembléia Legislativa, há quatro projetos de alteração na nomenclatura das estações (veja quadro) à espera de serem colocados em votação.
Em texto enviado à Folha, o Metrô condena as mudanças, sob o argumento de que elas confundem os usuários e "penalizam a saúde financeira" da companhia, por acarretar custos não previstos. O material cita ainda, especificamente, que o gasto para adaptação após a nova nomenclatura é de R$ 750 mil por estação.
No final da manhã, em entrevista, o arquiteto Luiz Cortez, chefe do departamento de projetos em transportes do Metrô, confirmou esse valor. "[As mudanças] Não são iniciativa do Metrô", afirmou ele, designado pela empresa para falar sobre o caso. "Pedimos às comunidades que pensem duas vezes antes de encaminhar os pedidos. Há o lado bom da homenagem, mas elas trazem problemas", afirmou o arquiteto.
À Folha, à tarde, o governador Cláudio Lembo negou que o custo das mudanças tenha sido aquele divulgado pela empresa e por Luiz Cortez. "Não foi R$ 750 mil." Ele não soube dizer, porém, o montante que julgava ser o correto.
A Folha tornou a procurar o Metrô, para confrontar com a companhia o que ouviu do governador. No fim da tarde, então, Luiz Cortez procurou o jornal. Disse que os R$ 750 mil eram uma estimativa e que era errado supor que, no total, haviam sido gastos R$ 2,250 milhões. Qual o valor correto?, questionou a reportagem. "Não sei dizer", respondeu.


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