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Metrô gasta R$ 2,2 mi para mudar nome de estações
Mudanças foram feitas por determinação do governador Cláudio Lembo (PFL)
Companhia alega que as alterações (três neste ano) confundem os usuários
e "penalizam a saúde financeira" da empresa
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Metrô vai gastar R$ 2,250
milhões em 2006 com a simples alteração de nome de três
estações em São Paulo, determinadas por decreto do governador Cláudio Lembo (PFL).
O valor corresponde às despesas com a elaboração de novas peças de comunicação visual e sonora, sinalização de
plataforma, mapas da cidade e
campanhas de divulgação, entre outros. Cada estação tem
cerca de 15 mil peças a alterar.
Para efeito de comparação, o
total da mudança de nome nas
três estações seria suficiente
para construir duas escolas
municipais, a R$ 1 milhão cada.
As modificações ocorreram
nas estações Barra Funda, Tietê e Bresser. Elas passaram a se
chamar, respectivamente, Barra Funda-Palmeiras, Portuguesa-Tietê e Bresser-Mooca. Os
decretos que determinam a nova denominação foram publicados em abril, maio e julho no
"Diário Oficial" do Estado.
Segundo o governador Lembo, a primeira mudança ocorreu a pedido do ex-prefeito José Serra (PSDB), ("palmeirense
como eu"), a segunda a pedido
da comunidade portuguesa e a
última uma reivindicação dos
moradores da Mooca em homenagem aos 450 anos do bairro. "Eu só agreguei palavras a
nomes já existentes", afirmou.
Foi a maior série de mudanças em nomes de estações desde que o Metrô foi criado, em
1974. Desde então houve apenas outras duas: em 1985, a estação Ponte Pequena virou Armênia e, em 2003, Sumaré foi
alterada para Santuário Nossa
Senhora de Fátima-Sumaré.
Na Assembléia Legislativa,
há quatro projetos de alteração
na nomenclatura das estações
(veja quadro) à espera de serem
colocados em votação.
Em texto enviado à Folha, o
Metrô condena as mudanças,
sob o argumento de que elas
confundem os usuários e "penalizam a saúde financeira" da
companhia, por acarretar custos não previstos. O material
cita ainda, especificamente,
que o gasto para adaptação
após a nova nomenclatura é de
R$ 750 mil por estação.
No final da manhã, em entrevista, o arquiteto Luiz Cortez,
chefe do departamento de projetos em transportes do Metrô,
confirmou esse valor. "[As mudanças] Não são iniciativa do
Metrô", afirmou ele, designado
pela empresa para falar sobre o
caso. "Pedimos às comunidades que pensem duas vezes antes de encaminhar os pedidos.
Há o lado bom da homenagem,
mas elas trazem problemas",
afirmou o arquiteto.
À Folha, à tarde, o governador Cláudio Lembo negou que
o custo das mudanças tenha sido aquele divulgado pela empresa e por Luiz Cortez. "Não
foi R$ 750 mil." Ele não soube
dizer, porém, o montante que
julgava ser o correto.
A Folha tornou a procurar o
Metrô, para confrontar com a
companhia o que ouviu do governador. No fim da tarde, então, Luiz Cortez procurou o
jornal. Disse que os R$ 750 mil
eram uma estimativa e que era
errado supor que, no total, haviam sido gastos R$ 2,250 milhões. Qual o valor correto?,
questionou a reportagem. "Não
sei dizer", respondeu.
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