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SAÚDE / BELEZA
Médicos minimizam efeito das roupas cosméticas
Fraca comprovação científica é apontada como desvantagem de peças anticelulite
Benefícios de cintos, luvas e outros itens também são postos em xeque; roupas com proteção solar são vistas como vantajosas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
As roupas cosméticas que invadem o mercado, principalmente as feitas para combater a
celulite, têm efeito limitado e
podem não dar o resultado esperado, de acordo com dermatologistas ouvidos pela Folha.
A principal causa apontada é
a falta de pesquisas científicas
sérias que comprovem sua eficácia -a exceção fica por conta
das roupas com proteção solar.
O mercado das roupas cosméticas foi impulsionado no
Brasil em 2005, com o lançamento da bermuda anticelulite, certificada pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) O mesmo material já é usado hoje em calças e
camisetas, entre outros itens.
Mário Hirato, diretor-presidente da Invel, uma das fabricantes, explica haver estudos
comprovando que o mineral
presente no tecido é capaz de
absorver as ondas de calor do
corpo e emiti-las em radiação
infravermelha com um freqüência que ativa as moléculas
de água. A melhora seria em
média de 65%, dependendo do
metabolismo de cada pessoa.
A idéia é melhorar a circulação no local, já que a celulite é
marcada pelo acúmulo de líquidos na camada inferior da
pele, principalmente da linfa,
líquido do sangue que alimenta
as células. Fatores como alimentação, hereditariedade e
hormônios femininos contribuem para que ela apareça.
Para a dermatologista Denise Steiner, do Departamento
de Cosmiatria da Sociedade
Brasileira de Dermatologia,
ainda não há pesquisas de credibilidade que comprovem que
isso tenha alguma eficácia.
Segundo ela, o tecido tem
uma lógica semelhante a da
drenagem linfática, que consiste em retirar o excesso de líquido. "Poderia ajudar um pouco
nesse aspecto, mas os fabricantes ainda não conseguiram
convencer cientificamente
quanto a validade do produto,
afirma a médica.
A também dermatologista
Luciane Scattone diz que bermudas, calças e blusas anticelulite não podem ser tidas como algo que irá melhorar sozinho o problema. "Esse tecido
não é fundamental e não costuma ter o mesmo resultado de
praticar exercícios físicos ou
fazer uma drenagem linfática.
Pode até favorecer algumas
pessoas, outras não, dependendo das características", afirma.
Outras vantagens da regulação térmica proporcionada pelo tecido são apontadas pelos
fabricantes, como a redução da
fadiga e o aumento da produção de colágeno.
Cláudio Leinig Wanderley,
diretor comercial da Colter,
outra das empresas que comercializa o produto, afirma que
uma importante vantagem do
tecido é a possibilidade de potencializar outros tratamentos
cosméticos.
Guarda-roupa
Além das diversas vestimentas que se utilizam da biocerâmica, diversas outras roupas
terapêuticas surgem no mercado. Elas têm como princípio básico a nanotecnologia, pois trazem entre tramas e fios pequenas cápsulas com substâncias
com fins terapêuticos, que em
alguns casos, precisam ser recarregadas com o tempo.
Após a celulite, o novo filão a
ser explorado é do emagrecimento. Para isso já foram criadas calças com substâncias para reduzir gorduras.
A Skin-up, por exemplo, uma
empresa francesa do ramo,
aposta na colocação de um
agente ativo de algas marinhas
em diversas roupas para ajudar
seus usuários a perder peso,
que incluem até sutiãs.
As luvas com hidratação também estão entre os produtos
oferecidos.
Nesses casos, novamente, as
dermatologistas destacam a
falta de comprovações científicas quanto a eficácia dos produtos em relação á saúde.
De acordo com a Anvisa, no
Brasil, o único produto têxtil
com finalidade relacionada à
saúde aprovado pelo órgão é a
bermuda anticelulite da Invel.
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