São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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SAÚDE / BELEZA

Médicos minimizam efeito das roupas cosméticas

Fraca comprovação científica é apontada como desvantagem de peças anticelulite

Benefícios de cintos, luvas e outros itens também são postos em xeque; roupas com proteção solar são vistas como vantajosas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As roupas cosméticas que invadem o mercado, principalmente as feitas para combater a celulite, têm efeito limitado e podem não dar o resultado esperado, de acordo com dermatologistas ouvidos pela Folha.
A principal causa apontada é a falta de pesquisas científicas sérias que comprovem sua eficácia -a exceção fica por conta das roupas com proteção solar.
O mercado das roupas cosméticas foi impulsionado no Brasil em 2005, com o lançamento da bermuda anticelulite, certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) O mesmo material já é usado hoje em calças e camisetas, entre outros itens.
Mário Hirato, diretor-presidente da Invel, uma das fabricantes, explica haver estudos comprovando que o mineral presente no tecido é capaz de absorver as ondas de calor do corpo e emiti-las em radiação infravermelha com um freqüência que ativa as moléculas de água. A melhora seria em média de 65%, dependendo do metabolismo de cada pessoa.
A idéia é melhorar a circulação no local, já que a celulite é marcada pelo acúmulo de líquidos na camada inferior da pele, principalmente da linfa, líquido do sangue que alimenta as células. Fatores como alimentação, hereditariedade e hormônios femininos contribuem para que ela apareça.
Para a dermatologista Denise Steiner, do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ainda não há pesquisas de credibilidade que comprovem que isso tenha alguma eficácia.
Segundo ela, o tecido tem uma lógica semelhante a da drenagem linfática, que consiste em retirar o excesso de líquido. "Poderia ajudar um pouco nesse aspecto, mas os fabricantes ainda não conseguiram convencer cientificamente quanto a validade do produto, afirma a médica.
A também dermatologista Luciane Scattone diz que bermudas, calças e blusas anticelulite não podem ser tidas como algo que irá melhorar sozinho o problema. "Esse tecido não é fundamental e não costuma ter o mesmo resultado de praticar exercícios físicos ou fazer uma drenagem linfática. Pode até favorecer algumas pessoas, outras não, dependendo das características", afirma.
Outras vantagens da regulação térmica proporcionada pelo tecido são apontadas pelos fabricantes, como a redução da fadiga e o aumento da produção de colágeno.
Cláudio Leinig Wanderley, diretor comercial da Colter, outra das empresas que comercializa o produto, afirma que uma importante vantagem do tecido é a possibilidade de potencializar outros tratamentos cosméticos.

Guarda-roupa
Além das diversas vestimentas que se utilizam da biocerâmica, diversas outras roupas terapêuticas surgem no mercado. Elas têm como princípio básico a nanotecnologia, pois trazem entre tramas e fios pequenas cápsulas com substâncias com fins terapêuticos, que em alguns casos, precisam ser recarregadas com o tempo.
Após a celulite, o novo filão a ser explorado é do emagrecimento. Para isso já foram criadas calças com substâncias para reduzir gorduras.
A Skin-up, por exemplo, uma empresa francesa do ramo, aposta na colocação de um agente ativo de algas marinhas em diversas roupas para ajudar seus usuários a perder peso, que incluem até sutiãs.
As luvas com hidratação também estão entre os produtos oferecidos.
Nesses casos, novamente, as dermatologistas destacam a falta de comprovações científicas quanto a eficácia dos produtos em relação á saúde.
De acordo com a Anvisa, no Brasil, o único produto têxtil com finalidade relacionada à saúde aprovado pelo órgão é a bermuda anticelulite da Invel.


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