São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Patrulha foi chamada para intervir em tiroteio em São Bernardo do Campo; mortes ocorreram em suposto confronto

Policial morre, e PM mata cinco em favela

DO "AGORA"

Seis pessoas morreram -um PM e cinco civis- durante uma ação da Polícia Militar em uma favela de São Bernardo do Campo (Grande SP) ontem.
Os policiais do 6º Batalhão da PM chegaram à favela da Farina por volta das 2h30, depois de terem recebido uma denúncia de tiroteio em uma festa infantil.
Na favela, o tenente Douglas Alfredo da Silva, 35, foi morto com um tiro na cabeça. Em seguida, os policiais mataram cinco homens.
Os PMs chegaram à favela em cinco veículos e desceram deles para subir uma viela. De acordo com a versão dos policiais, os infratores estavam de guarda sobre as lajes de dois sobrados. Quando os policiais apareceram, ainda segundo a polícia, receberam tiros que vinham do alto. "Foi uma emboscada", disse o major Ronaldo Ribeiro dos Santos.
O tenente Douglas da Silva foi atingido por um tiro na mão e outro na cabeça. O sargento Eduardo Parra Marin, 35, foi baleado na perna e de raspão no pescoço.
Em seguida, segundo o major Santos, a PM revidou os tiros, e o bando desceu os sobrados. Nesse momento, cinco deles teriam sido baleados e mortos nas escadarias da viela.
A polícia diz ter apreendido uma carabina calibre 12, três pistolas calibre 380, uma pistola calibre 45 e três revólveres. O caso foi registrado no 1º DP.
Os mortos são Odilon Júlio da Silveira, 27, João Ferreira da Silva, 28, Nílton Garcia dos Santos, 19, e os irmãos Wilson, 26, e Odair Costa Souza, 19. Dos cinco, somente Odilon e João tinham passagem pela polícia -por roubo e porte ilegal de arma, respectivamente. A polícia afirma ainda que os irmãos Odair e Wilson eram traficantes -embora não tivessem passagem.

Outra versão
A versão da PM é contestada por uma testemunha, que não pode ser identificada. Ela afirma que os homens mortos pela PM deixaram a casa em que estariam escondidos seguindo ordens da polícia. Antes, os policiais teriam arrombado o portão da residência.
A testemunha também disse que dois dos homens haviam invadido a casa fugindo da PM, outros dois -Odair e Wilson- já moravam ali, e que um terceiro estaria escondido no telhado.
Policiais teriam dito a eles para que os cinco saíssem "um a um" e com "as mãos na cabeça". Em seguida, disse a testemunha, ouviram-se tiros.
A PM nega a versão, mas a corregedoria da corporação vai abrir sindicância para apurar a ação dos policias neste caso.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Justiça decide destino de acusados por morte de garçom
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.