São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Justiça decide destino de acusados por morte de garçom

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça de Porto Seguro, na Bahia, deve decidir hoje se os sete jovens acusados de matar a cadeiradas, socos e pontapés o garçom Nelson Simões dos Santos, 39, podem ser transferidos para Brasília, cidade onde moram e estudam. O crime aconteceu na noite da última quinta-feira, dia 17.
A delegada Antônia Valadares, que foi responsável pela prisão dos jovens em flagrante e que os indiciou por homicídio qualificado, pediu reforços à Polícia Militar para garantir que a integridade dos acusados seja mantida.
"A população está indignada e revoltada. Ontem [anteontem" passaram com o corpo do rapaz [o garçom Nelson Simões dos Santos" aqui em frente na hora do enterro. A situação é muito complicada", afirmou Valadares.
Fernando Ferreira von Sperling, Victor Tadeu Antunes Araújo, Artur Alencar Ferreira de Melo, Mauro Coelho de Souza e Thiago Barroso Marnet, todos com 19 anos, e mais dois adolescentes de 17 anos estão detidos na Delegacia de Proteção ao Turista, em Porto Seguro. Os garotos mais novos não estão em celas, segundo informações da polícia local.

Discussão e morte
O crime que vitimou o garçom teria ocorrido por volta das 23h da quinta, horas depois de os rapazes terem chegado ao restaurante onde trabalhava Santos, de acordo com a versão do inquérito policial, já encaminhado à Justiça.
Segundo testemunhas ouvidas pela polícia -17 ao todo-, os rapazes ficaram sentados em uma mesa, por cerca de duas horas, sem pedir nada para consumir.
Santos teria se aproximado e pedido aos rapazes que saíssem do local, já que não estavam usando os serviços do restaurante.
Os relatos afirmam que houve bate-boca e um dos jovens, para provocar o garçom, teria derrubado na mesa um pouco da bebida que trazia na mão. A partir daí, seguiu-se a confusão que terminou com a morte de Santos, cerca de 30 minutos depois, em decorrência dos golpes que recebeu.
"Nenhum dos rapazes (que estavam havia cinco dias na cidade a passeio) quis prestar depoimento, o que é direito deles, que preferem falar à Justiça. Mas, dessa forma, não houve como individualizar os crimes, e foram todos indiciados por homicídio qualificado [com pena máxima prevista de 30 anos de prisão"", informou a delegada.
Os dois menores do grupo serão entregues hoje ao Ministério Público. Conforme diz o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o órgão poderá adverti-los ou sugerir à Justiça que eles cumpram serviços à comunidade ou ainda sejam internados em estabelecimento educacional.
A Agência Folha não conseguiu falar ontem com nenhum dos advogados contratos pelas famílias dos jovens. Em entrevista à imprensa local, a mãe de um dos garotos afirmou que o filho "jamais entrou em confusão".


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