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Reposição hormonal divide médicos e assusta mulheres
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 15% das mulheres brasileiras na pós-menopausa fazem
uso da terapia de reposição hormonal. Outras 19% começaram a
terapia, mas pararam.
Esse número, considerado baixíssimo pelos médicos que defendem a reposição hormonal, pode
ter caído ainda mais depois da interrupção, em junho deste ano, de
um estudo norte-americano que
viu nesse tipo de terapia mais riscos do que benefícios.
O alerta chamou a atenção para
as terapias que adotam hormônios extraídos de plantas, especialmente as isoflavonas da soja.
Agora, porém, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) vem recomendando
que se evite os fitoestrógenos.
Diante desse quadro, o Dia
Mundial da Menopausa, comemorado na última sexta, tem mais
polêmicas do que certezas para
comemorar.
Uma certeza é que as terapias de
reposição hormonal, com qualquer tipo de hormônio, ainda exigem muitas pesquisas. A outra é
que o emprego mais frequente
dos fitormônios e os muitos estudos que vêm sendo feitos sobre
eles estão dando aos médicos e às
mulheres novas alternativas.
No Brasil, cerca de 20 milhões
de mulheres têm mais de 45 anos.
Entre aquelas na pós-menopausa,
75% sofrem de algum sintoma
desconfortável dessa fase; 30%
dessas têm sintomas severos.
Trata-se de um mercado gigantesco e de muitos interesses, além
de ser um problema de saúde pública. "A sociedade deve ser alertada sobre os impactos à saúde da
deficiência hormonal que ocorre
na menopausa", diz César Eduardo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Climatério
(Sobrac) e diretor de ensino do
Hospital Pérola Byington.
Médicos e mulheres concordam
com esse alerta. Falta saber qual é
a melhor conduta. "Sempre se viram os benefícios da reposição,
mas sempre se temeram os riscos", diz Fernandes.
A sociedade de endocrinologia
(Sbem) apóia a reposição "com
hormônios quimicamente idênticos aos que os ovários da mulher
produzem", diz Ricardo Meirelles, vice-presidente da entidade.
Segundo a sociedade, não há evidências de que esse hormônio
"cause danos, quando prescrito
em doses adequadas". Já fitormônios, também por não serem
idênticos aos da mulher, os "endocrinologistas preferem evitar".
Edmund Baracat, presidente da
Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia
(Febrasgo), diz que os fitormônios são "uma alternativa" para
os sintomas da menopausa,
"principalmente para quem tem
contra-indicação ou não se adapta ao estrogênio".
Baracat orientou um estudo na
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que testou os benefícios da isoflavona num grupo de
40 mulheres na pós-menopausa.
"Depois de cinco meses, 85% delas relataram melhora clínica dos
sintomas, contra 25% do grupo
placebo, que recebeu cápsulas
inócuas", diz o ginecologista
Kyung Koo Han, que coordenou
a pesquisa. Os resultados foram
publicados este ano na mais importante revista norte-americana
de ginecologia e obstetrícia.
Uma segunda parte do estudo,
que se prolongou por um ano,
mostrou que 60% das mulheres
tiveram uma manutenção ou melhora na densidade óssea.
Serão necessários pesquisas
mais longas para se verificar a relação entre fitormônios e câncer.
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